A Humanidade está duas doses abaixo do normal... meu Botafogo ainda me mata do coração... e a Vida é bela...
31 de dezembro de 2007
30 de dezembro de 2007
Aos meus amigos, com um forte abraço e votos de muita saúde.
(Carlos Drummond de Andrade)
O último dia do ano
não é o último dia do tempo.
Outros dias virão e novas coxas e ventres
te comunicarão o calor da vida.
Beijarás bocas, rasgarás papéis, farás viagens
e tantas celebrações de aniversário,
formatura, promoção, glória,
doce morte com sinfonia e coral,
que o tempo ficará repleto
e não ouvirás o clamor,
os irreparáveis uivos do lobo, na solidão.
O último dia do tempo
não é o último dia de tudo.
Fica sempre uma franja de vida
onde se sentam dois homens.
Um homem e seu contrário,
uma mulher e seu pé,
um corpo e sua memória,
um olho e seu brilho,
uma voz e seu eco,
e quem sabe até se Deus...
Recebe com simplicidade
este presente do acaso.
Mereceste viver mais um ano.
Desejarias viver sempre
e esgotar a borra dos séculos.
Teu pai morreu, teu avô também.
Em ti mesmo muita coisa já expirou,
outras espreitam a morte, mas estás vivo.
Ainda uma vez estás vivo,
e de copo na mão esperas amanhecer.
O recurso de se embriagar
O recurso da dança e do grito,
o recurso da bola colorida,
o recurso de Kant e da poesia,
todos eles... e nenhum resolve.
Surge a manhã de um novo ano.
As coisas estão limpas, ordenadas.
O corpo gasto renova-se em espuma.
Todos os sentidos alerta funcionam.
A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida,
A vida escorre da boca,
lambuza as mãos, a calçada.
A vida é gorda, oleosa, mortal, sub-reptícia.
Difícil? É necessário.
10 de dezembro de 2007
8 de dezembro de 2007
20 de novembro de 2007
17 de novembro de 2007
Villa-Lobos, que nos deixou há 48 anos.
A 5 de março de 1887, nascia Heitor Villa-Lobos, na Rua Ipiranga, bairro de Laranjeiras, Rio de Janeiro. Sua mãe, Noêmia Villa-Lobos, cuidava dos filhos e da casa. Seu pai, Raul Villa-Lobos, era funcionário da Biblioteca Nacional e dedicava-se à música, como amador.
Na casa dos Villa-Lobos, todos os sábados, nomes respeitados da época reuniam-se para tocar até altas horas da madrugada. Esse hábito, que durou anos, influiu decisivamente na formação musical de Villa-Lobos que, logo cedo, iniciou-se na música. Aos seis anos de idade, aprendeu a tocar violoncelo com o pai, em uma viola especialmente adaptada.
Foi também nessa época - e graças à sua tia Fifinha que lhe apresentou os Prelúdios e Fugas do "Cravo Bem Temperado" - que "Tuhú" (seu apelido de infância) fascinou-se pela obra de Johann Sebastian Bach, compositor que acabou por lhe servir de fonte de inspiração para a criação de um de seus mais importantes ciclos, o das nove "Bachianas Brasileiras".
Além da cidade do Rio de Janeiro, Villa-Lobos residiu com a família em cidades do interior do Estado e também de Minas Gerais. Nessas viagens, entrou em contato com uma música diferente da que estava acostumado a ouvir: modas caipiras, tocadores de viola, enfim, uma parte do folclore musical brasileiro que, mais tarde, viria a universalizar-se através de suas obras.
O contato com os chorões
Ao voltar ao Rio de Janeiro, a música praticada nas ruas e praças da cidade também passou a exercer-lhe um atrativo especial. Era o "choro", composto e executado pelos "chorões", músicos que se reuniam regularmente para tocar por prazer e, ainda, em festas e durante o carnaval. Tal interesse levou-o a estudar violão escondido de seus pais, que não aprovavam sua aproximação com os autores daquele gênero, pois eram considerados marginais.
Com a morte de Raul Villa-Lobos, em 1899, D. Noêmia não conseguiu mais conter o filho. No início dos anos 20, como conseqüência desse envolvimento com o choro, começaria a compor um ciclo de quatorze obras, para as mais diversas formações, intitulado "Choros"; nascia aí uma nova forma musical, onde aquela música urbana se mesclava a modernas técnicas de composição.
As viagens pelo Brasil
Em l905, Villa-Lobos partiu em viagens pelo Brasil. Visitou os estados do Espírito Santo, Bahia e Pernambuco, passando temporadas em engenhos e fazendas do interior, em busca do folclore local. Tempos depois, seguia para outra viagem - uma excursão pelo interior dos estados do Norte e Nordeste - que se estenderia por mais de três anos. Foi nesse momento que teria conhecido a Amazônia - fato ainda não comprovado - o que teria marcado profundamente sua obra.
Por onde passava, Villa-Lobos ia recolhendo temas folclóricos que utilizaria em suas composições, como no "Uirapuru", e em seu futuro trabalho de educação musical, através da coleção "Guia Prático".
A maioridade artística
O ano de 1915 marca o início da apresentação oficial de Villa-Lobos como compositor, com uma série de concertos no Rio de Janeiro. Na época, casado com a pianista Lucília Guimarães, ganhava a vida tocando violoncelo nas orquestras dos teatros e cinemas cariocas, ao mesmo tempo que escrevia suas obras. Os jornais publicavam críticas contra a modernidade de sua música. Anos mais tarde, o compositor fez questão de explicar:
"Não escrevo dissonante para ser moderno. De maneira nenhuma. O que escrevo é conseqüência cósmica dos estudos que fiz, da síntese a que cheguei para espelhar uma natureza como a do Brasil. Quando procurei formar a minha cultura, guiado pelo meu próprio instinto e tirocínio, verifiquei que só poderia chegar a uma conclusão de saber consciente, pesquisando, estudando obras que, à primeira vista, nada tinham de musicais. Assim, o meu primeiro livro foi o mapa do Brasil, o Brasil que eu palmilhei, cidade por cidade, estado por estado, floresta por floresta, perscrutando a alma de uma terra. Depois, o caráter dos homens dessa terra. Depois, as maravilhas naturais dessa terra. Prossegui, confrontando esses meus estudos com obras estrangeiras, e procurei um ponto de apoio para firmar o personalismo e a inalterabilidade das minhas idéias".
A Semana de Arte Moderna
No Brasil do início do século, a influência européia e a permanência do espírito conservador do fim de século incomodavam a juventude, que começava a reagir a tudo isso. Surgiu, então, um movimento chamado Modernista que, em fevereiro de l922, foi oficializado em São Paulo, através da Semana de Arte Moderna. Atividades de vários campos da arte foram apresentadas no Teatro Municipal daquela cidade.
Convidado por Graça Aranha, Villa-Lobos aceitou participar dos três espetáculos da "Semana", apresentando, dentre outras obras, as "Danças Características Africanas".
As primeiras viagens a Europa
Já bastante conhecido no meio musical brasileiro, alguns de seus amigos começaram a incentivá-lo a ir à Europa, e apresentaram à Câmara dos Deputados um projeto para financiar sua ida a Paris. A proposta foi aprovada e Villa-Lobos partiu, em l923, para o que seria sua primeira viagem ao Velho Continente. Chegou com mentalidade própria e se impôs em menos de um ano. Um grupo de amigos ajudou-o nas despesas e apresentou-o aos editores Max-Eschig, enquanto o pianista Arthur Rubinstein - que já o conhecia do Brasil - e a soprano Vera Janacópulus divulgavam suas obras em recitais por vários países.
De volta ao Rio de Janeiro, em 1924, Villa-Lobos foi assim saudado pelo poeta Manuel Bandeira:
"Villa-Lobos acaba de chegar de Paris. Quem chega de Paris espera-se que chegue cheio de Paris. Entretanto, Villa-Lobos chegou cheio de Villa-Lobos. Todavia uma coisa o abalou perigosamente: a "Sagração da Primavera", de Stravinsky. Foi, confessou-me ele, a maior emoção musical da sua vida.(...)".
Em l927, o compositor retornou a Paris para organizar concertos e publicar várias obras. Fez amigos, e muitos artistas de renome freqüentavam sua casa e participavam das feijoadas dos domingos. A partir dessa segunda temporada na capital francesa, ganhou prestígio internacional, apresentando suas composições em recitais e regendo orquestras nas principais capitais européias, causando forte impressão, ao mesmo tempo em que provocava reações por suas ousadias musicais.
No segundo semestre de 1930, Villa-Lobos - a convite - retornava provisoriamente ao Brasil para a realização de um concerto em São Paulo. Contudo, não previa que, neste seu retorno, estaria inaugurando um novo capítulo em sua biografia.
Villa-Lobos, o educador
Villa-Lobos preocupava-se com o descaso com que a música era tratada nas escolas brasileiras e acabou por apresentar um revolucionário plano de Educação Musical à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. A aprovação do seu projeto levou-o a mudar-se definitivamente para o Brasil.
Em 1931, reunindo representações de todas as classes sociais paulistas, organizou uma Concentração Orfeônica chamada "Exortação Cívica ", com a participação de cerca de 12 mil vozes.
Após dois anos de trabalho em São Paulo, Villa-Lobos foi convidado oficialmente pelo Secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro - Anísio Teixeira - para organizar e dirigir a Superintendência de Educação Musical e Artística (SEMA), que introduzia o ensino da Música e o Canto Coral nas escolas.
Como conseqüência do seu trabalho educativo, viajou de Zeppelin, em 1936, para a Europa, representando o Brasil no Congresso de Educação Musical em Praga.
Com o apoio do então Presidente da República, Getúlio Vargas, organizou Concentrações Orfeônicas grandiosas que chegaram a reunir, sob sua regência, até 40 mil escolares e, em 1942, terminou por criar o Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, cujo objetivo era formar candidatos ao magistério orfeônico nas escolas primárias e secundárias, estudar e elaborar diretrizes para o ensino do Canto Orfeônico no Brasil, promover trabalhos de musicologia brasileira, realizar gravações de discos, etc.
O compositor das Américas chega aos Estados Unidos
"Irei aos Estados Unidos somente quando os americanos quiserem me receber como eles recebem a um artista europeu, isto é, em razão das minhas próprias qualidades e não por considerações políticas..."
Apesar dessa resistência inicial (era o momento da chamada "política da boa vizinhança" praticada pelos EUA com aliados na 2ª Guerra Mundial), Villa-Lobos, convencido pelo Maestro Leopold Stokowski, seu amigo desde Paris, aceitou o convite do Maestro norte-americano Werner Janssen para uma turnê pelos EUA, em 1944.
A partir daí, retornou àquele país várias vezes, onde regeu e gravou suas obras, recebeu homenagens e encomendas de novas partituras, além de ter travado contato com grandes nomes da música norte-americana, fechando, assim, o ciclo de sua consagração internacional.
Villa-Lobos morreu de câncer em 17 de novembro de 1959, no Rio de Janeiro.
Bibliografia
BÉHAGUE, Gerard - "Heitor Villa-Lobos: The search for Brazil's musical soul". Austin, ILAS, 1994.
MARIZ, Vasco - "Heitor Villa-Lobos Compositor Brasileiro". Rio de Janeiro, Zahar Editores S.A., 1983.
RIBEIRO, João Carlos (org.) - "O Pensamento Vivo de Heitor Villa-Lobos". São Paulo, Martin Claret Editores, 1987.
VILLA-LOBOS, Heitor - "Educação Musical". Presença de Villa-Lobos - 13º Volume. Rio de Janeiro, Museu Villa-Lobos, 1991.
O grande mestre
O professor Hermógenes, precursor da ioga no Brasil, afirma que a modernidade transformou a filosofia milenar em mero exercício
MARTHA MENDONÇA
OOMMM Hermógenes em sua academia, sob o símbolo do Om, palavra sagrada do hinduísmo. Aos 86 anos, ele dá aulas, medita e escreve |
Na rua Uruguaiana, um dos formigueiros humanos no centro do Rio de Janeiro, a gritaria do mercado popular, somada ao barulho dos carros e ônibus, é capaz de estressar qualquer transeunte. Quem passa por ali dificilmente acreditaria que há 45 anos, na cobertura do prédio de número 118, existe um lugar onde impera o silêncio. Lá, o respirar é lento e profundo. Numa ampla sala de chão coberto por esteiras de vime, José Hermógenes de Andrade Filho, de 86 anos, presta atenção à postura de seus alunos.
Mais conhecido como professor Hermógenes, o precursor da ioga no Brasil repete incessantemente, como um mantra: “Respirem, respirem”. Cerca de dez homens e mulheres, todos na terceira idade como ele, obedecem e capricham nas posições simples, que relaxam, ativam a circulação e irrigam o cérebro. Todos estão ali há pelo menos dez anos. Dona Diamantina, viúva, de 81, freqüenta suas aulas há 30 anos. Curou a coluna. Seu Benjamin, de 80, livrou-se da depressão. No fim, 15 minutos de piadas de salão encerram a aula. “É hora da risoterapia”, diz o professor, que se esmera em imitar sotaque português e voz de papagaio.
A aula das tardes de sexta-feira é a única que o professor Hermógenes comanda hoje. O tempo dele divide-se entre algumas viagens de trabalho – palestras e visitas a projetos sociais pelo Brasil –, caminhadas pelo Aterro do Flamengo, onde mora, e muito descanso e leitura, em casa. “Acordo às 6, faço uma refeição leve, caminho meia hora, tomo banho, repouso um pouco. Depois do almoço, leio e faço pequenas atividades. No momento, termino o prefácio de um livro. Estão me pedindo muitos prefácios”, afirma Hermógenes, que já publicou 21 livros sobre ioga. O primeiro, Autoperfeição com Hatha Yoga, um marco no Brasil, chegará à 50a edição no ano que vem e vai ganhar uma reedição especial.
“Janto cedo e me deito cedo, depois de passar os olhos nos telejornais”, diz o professor. Nos fins de semana, almoça com toda a família. E quando medita? Quando faz ioga? “Estou fazendo neste momento”, afirma. Simples assim. O professor Hermógenes é uma figura desconcertante. Com apenas 1,60 metro e 57 quilos, dá um abraço de estalar a coluna, mesmo em quem acabou de conhecer. E não abre mão desse contato físico. “Minha religião é o amor”, afirma.
A história de amor entre a ioga e o professor Hermógenes – que completa 50 anos – é semelhante à de muitas pessoas: um encontro patrocinado pela dor ou pela doença. A grande diferença é que, em 1957, ninguém conhecia essa filosofia. Capitão do Exército, de 35 anos, casado, duas filhas, Hermógenes descobriu-se tuberculoso. Nascido em Natal, a essa altura já morava no Rio. Foi obrigado a afastar-se da vida militar, tornou-se ocioso, engordou. Passou a ter uma vida “pobre em esperança e vigor”, como ele mesmo define.
‘‘A culpa é da Madonna. Dão ênfase ao que a ioga faz com o corpo, esquecendo-se do autoconhecimento’’ |
Num raro passeio ao centro da capital carioca, entrou na livraria Leonardo da Vinci, na Avenida Rio Branco. Em uma das prateleiras, chamou-lhe a atenção um livro em inglês sobre o poder curativo da ioga. Era teórico, e serviu para acender sua curiosidade sobre o tema. Menos de um mês depois, queria mais. Voltou e encontrou outro, em francês, com exercícios. Praticava no chão do banheiro, gelado e impróprio para quem acabara de sair da tuberculose. Fazia os exercícios escondido da mulher – estava proibido pelos médicos de pegar sol, tomar banho de mar, andar descalço e manter qualquer atividade física. “Eu ficava ali todos os dias por uma hora, praticando. Foi assim quase um ano, e então minha vida mudou. Emagreci, esculpi o corpo, acabaram-se as gripes e a insônia”, afirma.
O primeiro livro do mestre nasceu quase três anos depois. Estudou o que pôde em publicações estrangeiras, consultou médicos e psiquiatras. O manual de ioga em língua portuguesa causou impacto há meio século. Foi chamado a dar palestras e entrevistas. Passou a receber cartas de pessoas que insistiam para que ele desse aulas. Como precisava de uma renda para sustentar a família, em 1962 abriu sua academia, que funciona até hoje sem alarde ou propaganda. Acredita que já passaram por ali mais de 2 mil alunos. Muitos se tornaram professores e ajudaram a espalhar a filosofia pelo Brasil. “O professor sempre difundiu os princípios filosóficos mais nobres da ioga e o faz até hoje, quando há tantas escolas que a reduzem a um mero exercício físico ou atividade comercial”, diz Marco Taccolini, um dos organizadores do recém-lançado Livro de Ouro do Yoga, da Ediouro – cujo prefácio é de Hermógenes.
A atual banalização da ioga é assunto que, se não chega a irritar o professor, altera ligeiramente o tom de sua voz, sempre suave. “A culpa é da Madonna”, afirma. Ele acredita que desde que a milenar filosofia, nascida na Índia, caiu no gosto dos modernos, houve uma difusão superficial do que ela realmente é. “Dão ênfase ao que a ioga faz com o corpo, esquecendo-se do autoconhecimento e da integração do ser humano com o universo. É o que diz o nome ioga: união. E ainda paz, verdade, s retidão, amor e não-violência”, afirma. São coisas da Kali Yuga, diz o professor. Kali representa o escuro, a treva, e Yuga a era, o período. Portanto, para ele, vivemos tempos de uma sociedade desestruturada, de violência e intolerância. De muita informação e pouca educação.
LIÇÃO DE VIDA Hermógenes, na década de 60. Ele começou a praticar após uma tuberculose e virou uma espécie de apóstolo da ioga |
Esse caminho de uma ioga mais espiritual está refletido em sua obra literária. Em defesa de uma era mais iluminada, o mestre iogue ainda percorre o país – longe de holofotes – divulgando sua filosofia. Vai a escolas de menores infratores, a hospitais e penitenciárias. Recebe cartas de pessoas que garantem ter sido transformadas por seus livros. Nesses lugares, tenta afastar as pessoas do que ele chama de “normose” – definição que ele dá à situação de quem vive de forma padronizada, ajustado por uma sociedade desequilibrada. “O normótico vive uma vida mundana, sem comprometer-se com seu interior, que é superior a tudo. É aí que surgem as doenças do corpo e da alma”, afirma. Hoje, o professor não faz mais as posições difíceis que sempre surpreendeu alunos e platéias. Sente saudade da Sirshasana, postura inversa sobre a cabeça, sua preferida.
Como seu sucessor, ele apresenta João Thiago Leão, de 28 anos, um dos seis netos homens. Há ainda três bisnetos. Foi praticamente o único da família a levar a ioga a sério. É ele quem hoje toca a academia. “Uma de minhas filhas pratica ioga agora, depois de velha. A outra encantou-se com o catolicismo”, diz. Não há qualquer crítica no comentário. O ecumenismo é parte da vida de Hermógenes. Em sua sala, convivem imagens de São Francisco de Assis, Jesus Cristo e Nossa Senhora, estátuas de Buda, um desenho de Madre Teresa de Calcutá, cristais, anjos e fotografias do guru indiano Sai Baba, a quem o professor visita quase todos os anos, na Índia. Na sala, há ainda sinos de vento, miniaturas dos profetas de pedra, retratos dos netos, um cabideiro com uma coleção de bonés e uma imensa estante de livros de ioga, filosofia, psicologia, medicina.
“A vida de Hermógenes é um apostolado, e ele é um arquipélago de conhecimentos”, diz Divaldo Franco, o médium brasileiro mais famoso no mundo. O depoimento está no documentário Deus Me Livre de Ser Normal, do fotógrafo Marcelo Buainain, sobre a vida do professor. O filme traz falas de alunos e amigos como Chico Xavier, Elba Ramalho e o escritor Pierre Weil. Amigo de longa data, o teólogo Leonardo Boff diz que Hermógenes é “um dos anjos bons do Brasil”. Os dois se conheceram em 1971, período em que Boff lançava Jesus Cristo Libertador, fundando a Teologia da Libertação. De lá para cá, estiveram juntos em palestras pelo país. “Jamais pratiquei ioga, mas temos em comum a busca de um Deus interior”, diz o teólogo.
‘‘Sou egoísta e ainda tenho orgulho. Sinto prazer no aplauso. Não deveria mais sentir isso’’ |
Caçula dos 20 filhos de um funcionário público e uma costureira, Hermógenes não é um homem rico. Vive com algum conforto, mas com simplicidade. Casou-se duas vezes. A primeira com Yone, mãe de seus filhos, já morta. A segunda, Maria, morreu em 2002. Com a última fez suas primeiras viagens à Índia. Perdeu as contas de quantas vezes foi até lá. Mora sozinho, sob os cuidados da empregada, Sebastiana. A cinema ou teatro, não vai há tempos. Orgulha-se de já ter escrito quatro livros no computador. Tem se dedicado à poesia. É vegetariano e raramente come doces. Jamais aprendeu a dirigir. Diz que anda sozinho, sempre de táxi. “É uma medida de não-violência”, afirma, para depois confessar a verdade. “Uma vez tentei, mas cometi barbaridades.” O professor é irônico. Cultua o riso. Diz que já deixou palestras formais para contar piadas ao público.
“O que mais acho bonito no meu avô é que ele vive o que sempre pregou. Faz o que sempre ensinou: a prática do bem”, diz o neto e discípulo João Thiago, referindo-se à adoração que as pessoas têm pelo avô. Hermógenes acha que é pouco. Afirma que provavelmente vai morrer sem alcançar sua meta. “Sou egoísta e ainda tenho orgulho de convencer as pessoas. Sinto prazer no aplauso. Não deveria mais sentir isso”, afirma. A idade avança e Hermógenes diz não sentir medo da morte: “Dão ênfase ao que a ioga faz com o corpo, esquecendo-se do autoconhecimento. Um dia a idade vem, trazendo o envelhecimento deste corpo, o sofrimento. Quando a vida se torna desagradável, a morte é como a sineta da escola. Vai começar o recreio!”.
Tive a satisfação de conhecê-lo e sua filosofia de vida saudável.
Pena que não pratico...
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15 de novembro de 2007
Lula: CPMF é coisa de rico, que não devia reclamar do que paga
Agora ficou fácil ter conta em banco!
Clicando em qualquer parte do texto acima você verá que CPMF é coisa de pobre, sim. A propaganda da Caixa, com a Regina Casé, mostra a cruel voracidade do Governo Federal.....
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Almanaque Brasil
A PRIMEIRA VÍTIMA DA REPÚBLICA
15 de novembro de 1889. A proclamação da República põe fim a 67 anos de monarquia. Tramado nos quartéis, o golpe não conta com participação popular. Movimento de cúpula, engendrado dentro dos esquemas do poder. Transformação pacífica. O que poucos sabem é que fez uma vítima civil.A data coincidia com o último dia de trabalho do carteiro Patápio Silveira. Tomou café, beijou a mulher e a filha, saiu e tomou o trem para o centro do Rio. No caminho, comentários esparsos sobre a crise militar. Chegou à repartição, presenteou o carteiro mais moço com o quepe que havia usado por mais de 40 anos. Finalmente aposentado. Passou no bar, para conversa rápida.
No Campo de Santana, o destino o aguarda. Alheio à movimentação das tropas, Patápio avista um cavalo morto no meio da rua. Aproxima-se e, depois de alguns instantes, percebe a briga entre um cadete e um almirante. Nervoso, o cadete saca a arma e acerta o almirante. Confusão. Assustado, Patápio corre e, num pulo, tenta alcançar o estribo do bonde que passa. Impossível explicar como foi parar embaixo das rodas. Antes de morrer ainda alcança ouvir as exclamações da tropa: “Viva a República! Viva a República!”
"Cada macaco no seu galho"?
Biólogos encontram baleia em rio da Amazônia
Animal foi achado na Floresta Nacional do Tapajós, na noite de quarta-feira.
Biólogos acreditam que ele errou a rota e se afastou do oceano.
Biólogos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) encontraram uma baleia em um rio na Floresta Nacional do Tapajós, no Pará, na noite de quarta-feira (14). Segundo os funcionários do Ibama, o animal está vivo e pode ter errado a rota, pois se distanciou do oceano.
Ainda não foi possível identificar a espécie da baleia. Equipes do instituto foram até o local para tentar resgatar o animal.
Banhistas entram no mar mesmo com jacaré à solta
Bombeiros continuam as buscas pelo animal na Barra da Tijuca.
Filhote de jacaré pode estar desorientado, diz bombeiro.
O filhote de jacaré, com cerca de um metro e meio de comprimento, que apareceu nesta quinta-feira (15) na praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, ainda não foi encontrado pelos bombeiros.
Apesar do dia chuvoso e da interdição da praia por causa do jacaré, muitos banhistas estão no mar. Homens do 2º Grupamento Marítimo estão no posto 3 da Barra pedindo para que as pessoas tomem cuidado.
"Acredito que ele tenha vindo da Praia da Macumba, pelo canal do Rio Morto e chegou aqui acompanhando a correnteza, que está sentindo Zona Sul. É complicado saber onde esta 'criança' vai aparecer. Ele pode entrar no canal e voltar naturalmente para seu habitat original. Ele deve estar desorientado", explicou, do local, o coronel Ricardo Nunes.
Segundo o coronel, as buscas vão continuar até que a equipe consiga resgatá-lo. Mais cedo, os bombeiros chegaram a ver o animal, mas ele se assustou e fugiu para o mar.
28 de outubro de 2007
Ainda Garrincha...
Album do Futebol - Garrincha e seus últimos dias
Parte da reportagem de Marcelo Rezende -1979
Quem pode ver nesse homem o Mané Garrincha ? Esse homem que está a nossa frente não é aquele ponta direita que Deus trouxe ao mundo para provar sua existência com mais um milagre. Não é aquele “moleque” de drible faz-que-vai-mas-não-vai, simples, ingênuo, fatal ao deixar seus marcadores de pernas para o ar, incansável na busca da linha de fundo, “ali onde descobriu a felicidade; o resto foi alegria”.
Não, não é possível que esse homem, sob rigoroso tratamento médico, a caminhar entre as frondosas árvores do Casarão – antiga Casa da Moeda – da colônia de férias Paulo Frontim, cidadezinha próxima do Rio, seja o Mané. Que nada ! Esse homem tem o rosto inchado, o lado direito quase deformado, olhar de vaga amargura, mãos trêmulas, ar triste, a fazer a barba de alguns fios brancos com uma lâmina usada, tão velha quanto sua fisionomia, e um pedaço de sabão português ordinário que nem faz espuma, seja o Mané apresentado ao mundo em música, poesia e filme, em dribles e gols.
Como dizer não ? A gaiola de passarinho na mão e as pernas, uma delas seis centímetros mais curta, ambas cada vez mais tortas, são traços daquele querido Mané Garrincha, razão da conquista da Copa de 62, após a contusão de Pelé, dentro daquela endiabrada camisa sete da seleção brasileira. Diante desse homem, trêmulo, de muitos tiques nervosos, só uma coisa vem à cabeça: Garrincha morreu. Como morreu o Garrincha que transformou o Botafogo. Nos anos 50, no segundo clube das outras torcidas, no timaço conhecido por todos, rival do Santos ? Como morreu aquele Garrincha, meio matuto, meio índio, como diz João Saldanha ? E ali, à nossa frente, um homem solitário a vagar como uma assombração por esse casarão do século passado, teto alto, varanda sempre visitada por lindos beija-flores. Ali está um homem que nunca se preocupou com o sucesso, mas também não soube viver sem ele.
Manoel Francisco dos Santos, que a história conhece por Mané Garrincha. Não é mais o Garrincha daquela excursão do Botafogo ao México, de tantos dribles desconcertantes, como toureiro e touro, a torcida começou a gritar “olé” !. E o mundo adotou o “olé” criado por aquelas pernas tortas a desafiar os estudiosos. Que digam os soviéticos naqueles 2x0 na Copa de 58. Não é mais aquele menino escalado junto com Pelé por imposição de Nilton Santos, Didi e Belini. Nem aquele abusado moleque, especialista em colocar apelido nos companheiros.
A irreverência acabou, como sumiram também o carisma, a eletricidade, a energia. Agora, é apenas um mulato a se encolher no frio de Paulo Frontim. Nada mais aos 45 anos de idade. O ex –Mané, eterno nas histórias e lendas, sofre por duas marcas registradas de sua vida: o amor a bola e as mulheres. A vida lhe deu tudo, mas também lhe tomou tudo e, de repente. A queda começou em 1963, ao auge da fama, artrose no joelho. Mesmo assim, ele era obrigado pelos dirigentes a jogar por causa das rendas e das cotas dos amistosos. O fim foi rápido e tráfico. Antes, seis injeções no joelho. Sem aplausos, sem dinheiro, os amigos fugindo dele na rua, como resistir ? Seguiu o caminho do pai, seu Amaro, um guarda de segurança que morreu de cirrose de tanto beber. O rosto sofrido do Manoel que estudou até o quarto ano primário espanta quem o conheceu Mané. Seu médico confirma: mais um gole de bebida e pode acabar maluco. O cérebro está afetado.
No alto do morro de Paulo Frontin, Garrincha vive um mundo irreal, certo de que poderá voltar a encantar o mundo com seus gols e seus dribles. Ainda não se deu conta de que o tempo também passa para os ídolos. Como esperar realidade deste homem ? Um Garrincha que perdeu a casa em Jacarepaguá, por dividas. Que sonha em jogar de novo, que quer voltar a treinar os garotos da Legião Brasileira de assistência, onde ganha 18 mil mensais. Delira Mané ! Esse Mané que fez fama e fortuna de muitos centroavantes. E que só foi procurado na clínica de repouso, onde foi internado em caráter de emergência pelo compadre Nilton Santos.
Envelhecido, olhos esbugalhados, hipertenso, Mané encontrou um pouco de paz em Paulo de Frontin.
Marcelo Rezende que escreveu esta reportagem em 1979 não estava enganado. Pouco mais de três anos depois, no dia 20 de janeiro de 1983, padecendo dos mesmos e agravados problemas, viria a morte anunciada de Manoel Francisco dos Santos.
Um depoimento no Blog do Juca...
Mané Garrincha, o segundo maior gênio da história do futebol, faria amanhã, 28 de outubro, 74 anos.
Por ROBERTO VIEIRA
Não. Não fiquei triste com a morte dele. Pra que mentir? Não pude me vingar. Eu preferia que ele nem tivesse existido. Pouparia muitos do desemprego, da vergonha. Você não imagina o que é rirem de você. Milhares de pessoas rindo de você, como se você fosse um palhaço de circo mambembe. Até mesmo seus amigos, seus filhos, rindo.
Eu sempre joguei sério. Na bola. Sempre fui respeitado. Quando era pequeno rezava todas as noites para ser um craque. Um jogador de futebol. Eu acreditava nas minhas orações. Obedecia meus pais. Pedia a benção. Vim jogar no Rio. Virei capa de revista. Comecei a sonhar com a seleção. Foi aí que meu mundo virou de pernas pro ar.
Eu o conhecia das peneiras. Um aleijado. Dava pena. Chegava calado e saía mudo. Quando os técnicos viam aquelas pernas eles o mandavam embora. Mas ele sempre voltava.
Foi então que um dia eu soube que ele enfeitiçou o Nilton. Logo o Nilton, meu ídolo! E foi escalado pra jogar no Botafogo. E começou a fazer gols.
Imaginei que devia ser piedade divina e fiquei na minha. Um dia nosso destino iria se cruzar. E seria seu fim.
Coronel e Jordan tinham conversado comigo:
'Cuidado!'
Eu fiquei rindo. Ele também tinha enfeitiçado os dois. Prometi a mim mesmo que eu ia acabar com aquela palhaçada.
Chegou o dia. Domingo. Maracanã lotado.
Batem o centro. Vem a primeira bola e eu me antecipo. Sério. Na bola. Toco para o ataque e volto correndo para minha posição. Sem pena. Pois o que Coronel e Jordan sentiam era pena. Eu ia mostrar ao mundo a farsa das pernas tortas.
A segunda bola escapou de suas chuteiras.
O primeiro tempo se encaminhava para o fim quando ele domina a pelota. Eu entro no meio do joelho dele. Sem pena. Pra quebrar. Ele cai. Olha o joelho. Levanta.
Alguém na geral grita:
'Quebra ele!'
Ele sorri. Para a geral e para mim. Como um passarinho no alçapão. Aquilo me desconcertou. A pancada que eu dei poderia derrubar uma parede. Mas ele levantou sorrindo pra mim.
O Maracanã lotado.
E a bola chegou até ele um segundo antes de mim. E ele partiu na direção do gol. Eu atrás. Ele parou, súbito. Eu passei, lotado. Voltei e dei um carrinho. Ele escapou pela direita. Eu levantei e ele driblou pela esquerda. Beijei o chão. Ele cruzou na cabeça de Paulo Valentim. Gol.
Perdi a conta das vezes em que fui driblado. Não vi mais a cor da bola. O Botafogo venceu por 6x2. Alegria do povo.
Porém, um lance ficou gravado em minha memória. Sem dribles. Pisei num buraco. Chorei de dor. Ele partia em direção ao gol. Seria o sétimo gol. A torcida já gritava '7, 7, 7'... As mesmas pessoas que gritavam 'quebra, quebra, quebra'.
Inexplicavelmente ele parou e tocou a bola para fora. Tocou a bola para fora pra que eu fosse atendido.
Fratura. Aleijado. Ele me ajudou a sair de campo.
Nunca mais nos vimos.
Eu vim trabalhar nessa fábrica. As capas de revista eu guardo lá em casa.
Com o tempo ele virou gênio. Tão aleijado quanto eu. Cheio de mulheres. De fama.
De vez em quando vem um jornalista como você vem me entrevistar.
Quer saber a verdade. A verdade?
A verdade é que não. Não fiquei triste com a morte dele. Pra que mentir? Não pude me vingar.
Eu preferia que ele nem tivesse existido."
23 de outubro de 2007
Crise na saúde.... (?)
'O médico usa o que dispõe para salvar o paciente', diz médico sobre uso de furadeiras em cirurgias nos hospitais públicos do Rio
Publicada em 23/10/2007 às 17h43m
Patrícia Sá Rêgo - O Globo Online, com informações da CBNRIO - O uso de furadeiras elétricas domésticas em operações na cabeça em hospitais públicos do Rio de Janeiro é uma prática usual, segundo o diretor da Câmara Técnica de Neurocirurgia do Cremerj, o neurocirurgião Aloysio Carlos Tortelly Costa. Em entrevista à Rádio CBN, ele afirmou, entretanto, que essa prática não representa uma irresponsabilidade ética, mas uma busca do médico em salvar a vida do seu paciente, dispondo de poucos recursos. Uma reportagem publicada nesta terça-feira no jornal "O Globo" trouxe a denúncia sobre a falta de equipamentos adequados nas cirurgias da rede pública .
" O médico no Estado do Rio de Janeiro não faz outra coisa a não ser improvisar a todo o momento, infelizmente "
- O médico no Estado do Rio de Janeiro não faz outra coisa a não ser improvisar a todo o momento. Infelizmente, ele tem que usar o que dispõe para salvar a vida do paciente - disse o médico.
Em entrevista ao site G1, o presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), José Carlos Saleme, classificou a denúncia de sensacionalista.
- Acho que não é por aí que se resolve a questão. Precisa de uma investigação mais séria. Nunca vai ser com esse tipo de sensacionalismo, porque alarmar a população não ajuda em nada - disse o neurocirurgião.
Segundo as denúncias, os quatro hospitais estaduais com setor de neurocirurgia na Região Metropolitana - Azevedo Lima, em Niterói; Saracuruna, em Duque de Caxias; Rocha Faria, em Campo Grande; e Getúlio Vargas, na Penha - além do municipal Souza Aguiar, no Centro, só contam com furadeiras elétricas para a abertura de crânios. Juntas, essas unidades fazem uma média de 125 operações neurológicas por mês.
Para o presidente da Comissão Municipal de Saúde, o vereador Carlos Eduardo (PSB), essas denúncias representam mais um capítulo da falta de gestão da saúde do Rio. O vereador disse em entrevista à CBN que faltam equipamentos, recursos humanos e uma gestão eficiente na rede pública. Ele afirmou ainda que essas cirurgias colocam em risco os pacientes e demonstram pouca humanidade, já que podem causar seqüelas graves, além de riscos de infecções e de hemorragias.
" Não podemos admitir que, dentro de um orçamento bilionário das secretarias estadual e municipal, se concebam neurocirurgias feitas à base de furadeiras "
- Não podemos admitir que, dentro de um orçamento bilionário das secretarias estadual e municipal de Saúde, de mais de R$ 4 bilhões, no século XXI, na época do genoma, se concebam neurocirurgias feitas à base de furadeiras e maquitas - afirmou.
Segundo o subsecretário estadual de Atenção à Saúde, Carlos Armando Nascimento, esses equipamentos devem ser trocados por outros mais modernos. Mas ele afirmou, durante entrevista à CBN que, havendo cuidado na esterilização do equipamento, não se causam danos ao paciente. Segundo Nascimento, que é clínico geral, não há relatos de seqüelas provocadas por esse tipo de prática.
16 de outubro de 2007
Chega!
O mandato dos eleitos É DO POVO.
Colocamos lá porque acreditamos (ou não) no que prometeram e aí estavam ligados a um partido que seguia a linha. Se mudaram de partido e não cumpriram com o que prometeram, temos a possibilidade de tirá-los de lá.
Vamos acordar e deixar de ser enganados, o mandato é nosso.
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27 de setembro de 2007
18 de setembro de 2007
Craque, os clubes do Rio acham pela digital
Heróis do Tricampeonato, Carlos Alberto Torres e Jairzinho topam enfrentar teste genético
Não que as peneiras estejam com os dias contados. Mas os quatro grandes clubes do Rio de Janeiro estão inovando na hora de selecionar os garotos das divisões de base. Antes bastava a criança ou o adolescente mostrar qualidades em alguns coletivos. De dois anos para cá, os futuros jogadores passaram a enfrentar o temido exame de dermatoglifia. Isto é, o teste que revela se as impressões digitais são ou não de um atleta de alto rendimento.
Prova disso, é o trabalho que vem sendo realizado pelo coordenador das escolinhas de futebol do Flamengo, Antônio Lima, que não abre mão da genética na colheita de talentos em potencial.
- A demanda de garotos é muito grande. Precisamos ter outros parâmetros, além dos testes de coordenação e resistência, para escolher os melhores jogadores. Não é o fim das peneiras. Mas, hoje, o exame de dermatoglifia é indispensável no intuito de potencializarmos as características dos meninos. E nos possibilita individualizar os treinamentos logo que algum garoto ingressa na escolinha - garante Antônio Lima, que está à frente de 70 escolinhas do Flamengo espalhadas por todo o Brasil.
Candidatos a craque do Fla também têm que passar por testes de coordenação e de resistência |
De acordo com o doutor em dermatoglifia da Universidade Castelo Branco, Paulo Dantas, somente 3% da população mundial carregam consigo características de atletas de ponta. E, neste caso, a genética torna a seleção de garotos nas divisões de base mais objetiva. Sendo assim, é possível identidicar, por exemplo, os níveis de coordenação, força e velocidade dos candidatos a craque.
- Quem quiser se destacar no esporte, e aí incluo o futebol, tem que escolher bem seus ancestrais. Principalmente, a mãe, que é quem passa a maioria das características de atleta ao filho - brinca o professor, que há dez anos trabalha com exames de dermatoglifia no país. Mas só de dois anos para cá conseguiu formar um grupo de pesquisadores distribuídos entre Botafogo, Flamengo, Fluminense, Vasco e Madureira.
Com o intuito de comprovar a eficiência do estudo das impressões digitais, o GLOBOESPORTE.COM convidou dois ex-jogadores que fizeram história na seleção brasileira para participar do exame de dermatoglifia. O capitão do Tricampeonato, Carlos Alberto Torres, e o Furacão da Copa de 70, Jairzinho, toparam o desafio.
- Aceito passar por este teste porque acredito no poder da genética. A cada dia vão surgir novos estudos. Se eles forem levados a sério, iremos colher um melhor desenvolvimento dos atletas - afirma Torres, o mais novo capitão de uma seleção a erguer um troféu de Copa do Mundo, aos 24 anos.
Por outro lado, Jairzinho lembrou que na época em que jogava sequer existia a figura do preparador físico quanto mais a do geneticista.
- A chuteira e a bola eram bem mais pesadas. Nem imaginava que um dia haveria fisiologista no futebol, por exemplo. Agora, temos que jogar junto com a ciência. Desta forma, conseguiremos manter a hegemonia no esporte - declara o único jogador a marcar gols em todas as partidas de uma Copa do Mundo.
Resultado do exame de dermatoglifia em Carlos Alberto Torres e Jairzinho |
Feito o exame de dermatoglifia, o professor Paulo Dantas constatou que tanto o ex-lateral-direito quanto o ex-atacante da seleção brasileira apresentam alta coordenação neuromotora. Isto é, eles têm um excepcional domínio de bola e tendem a mantê-lo por mais tempo que a maioria dos jogadores, por serem dotados de uma resistência privilegiada.
15 de setembro de 2007
Carruagem virou abóbora
Estava bom demais para ser verdade. Foi o que pensou João Marcelo Vieira, 37 anos, ao participar do quadro Lata velha, no programa Caldeirão do Huck, da Rede Globo. O sonho de ver seu Opala verde, ano 79, transformado em uma supermáquina durou menos de 24 horas. No dia da gravação, o vendedor não percebeu que não existia mais nada do Opala no modelo reformado. Nem no dia seguinte, quando a produção rebocou novamente o carro para a oficina, alegando que iria acertar a documentação. Meses depois, ele recebeu o carro, e só então percebeu, com o documento na mão, que o registro era uma Caravan 79.
O próprio João Marcelo demorou para entender o que estava acontecendo. O documento esclarecia as dúvidas: a Caravan marrom, que antes pertencia a Rubem de Souza, em Minas Gerais, teria sido comprada por ele próprio por R$ 4.200! O problema é que João, dono de um quiosque na Praia do Recreio, garante que nunca esteve na cidade de Ribeirão das Neves, em Minas, tampouco adquiriu o carro e muito menos assinou o documento de compra e venda. Estava, segundo ele, configurada a fraude. E começou uma odisséia em busca do verdadeiro carro.
“Me deram o documento do carro com minha assinatura falsificada e sumiram com o Opala, que era de um tio que morreu de câncer e me pediu para não vendê-lo nunca”, lembra João Marcelo. O Opala, que tinha o apelido carinhoso de Ogro, estava caindo aos pedaços, só pegava no tranco, mas quebrava galhos. O quiosqueiro nunca tinha pensado em fazer a reforma. A participação no Lata velha foi sugestão de dois clientes, os atores Rodrigo Hilbert e Fernanda Lima. A pedido deles, João Marcelo escreveu uma carta, entregue, em mãos, a Luciano Huck, durante uma festa. Dias depois, a produção do programa procurou pelo comerciante, fez entrevistas e fotos do carro.
Enganam o povão, pessoas humildes que acreditam na TV...
Lastimável!
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9 de setembro de 2007
Relembrando a história...
A reação imediata foi uma explosão de prantos ao mesmo tempo que milhares de bandeiras vermelhas surgiam nos balcões, nas ruas, nas praças, em todos os lugares. Com os acordes da Internacional, as rádios e alto-falantes instalados em caminhões difundiam a notícia. Pais de família e donas de casa, erguiam em varas de bambu colchas, túnicas e outras peças de tecido que, de comum, só tinham a cor vermelha.
Em quase todas as capitais do mundo, o tom usado nos comentários sobre a morte do Presidente do PC chinês era de respeito, admiração e tristeza:
“A História confirmará que Mao foi um dos mais importantes homens de nossa época. A posição da China no mundo atual constitui um monumento a seus efeitos”, comentava-se de maneira geral.
Com estatura de grande homem e capacidade de modificar os destinos de milhões de pessoas. Poeta, político, soldado, filósofo e escritor – o mais publicado do mundo até então: só em 1967 foram editadas 541 milhões de exemplares de suas obras – Mao Tsé-tung, símbolo do Estado e pai da República chinesa, tinha por dever conduzir o povo de seu país a uma vida livre da fome, das doenças e da ignorância.
CHANG SHA
TAPOTI
Sonhava com um “novo homem” capaz de arar a terra, trabalhar nas fábricas, pegar em armas e entender o pensamento político.
Mao Tsé-tung morreu sob a veneração de seus compatriotas e deixou, pelo mundo afora a imagem do profeta.
Um profeta com uma visão muito particular da morte, como confidenciou ao Marechal Montgomery:
“- Até que eu gostaria de ir ao encontro de Karl Marx.”
Mao Tsé-Tung nasceu em 26 de dezembro de 1893. Filho de um pequeno proprietário rural, considerado um homem rico por ter, no meio da miséria geral, um hectare e meio de terra.
Como todos os chineses de sua condição social, Mao começou a trabalhar ainda menino, aos cinco anos na lavoura. Freqüentemente escapava dessas obrigações para se dedicar a leitura. Levado pela mãe, cuja severidade contrastava a severidade quase tirânica do pai, freqüentava o templo de Buda, de quem assimilou a filosofia que veio completar uma educação. Revoltado com a crueldade das ações do governo os atos de rebeldia se tornaram freqüentes em Mao desde os 12 anos. Em 1910, Mao abandonou definitivamente a casa paterna, trocando-a por uma escola ocidentalizante de Hsiang-siang, onde tomou contato com o pensamento europeu. Aos 18 anos viverá sua primeira experiência militar, como voluntário do Exército que derrubara a dinastia.
Foi depois da Grande Marcha que Mao se torna o líder do comunismo chinês. Além de Secretário-Geral do PC, deu-lhe a chefia de um Governo, criado em 1937, com soberania sobre 50 mil quilômetros quadrados habitados por um e meio milhão de pessoas, pouquíssimo, em termos de um país superpopuloso como a China. Senhor absoluto dessa república, Mao impôs um modo de vida austero a quantos estavam sob seu mando. Ele mesmo morou durante meses numa casa escavada na encosta rochosa de uma montanha. Só ao casar-se pela quarta vez em 1939, muda-se para uma habitação de madeira mais confortável e de acordo om o seu cargo de Chefe do Governo.
O governo de Mao construiu as bases de uma economia primitiva sendo o trampolim para conquistar a China inteira. Sua preocupação foi a luta pela unidade nacional conquistando milhões de simpatizantes maoístas. A Revolução Cultural, iniciada pela arte e literatura pelos jovens da Guarda Vermelha, estendeu-se às escolas e fazendas, ao Partido e à administração. Finda a Revolução Cultural, em pouco mais de um ano a China saía do isolamento, arrebatava a cadeira ocupada por Formosa na ONU e abria as portas de Pequim para receber o Presidente dos Estado Unidos.
3 de setembro de 2007
26 de agosto de 2007
19 de agosto de 2007
18 de agosto de 2007
Jornal do Brasil
17/08: 1987: A luz apagou
Carlos Drummond de Andrade, o escritor mais amado e respeitado de seu tempo em seu país, o poeta que um
dia escreveu: “E agora José? / A festa acabou,/ A luz apagou, O povo sumiu, / A noite esfriou”.
Um homem desiludido com o mundo. Injustamente rigoroso no julgamento da obra que produziu. Sentia descrença e desilusão. Lamentava que as novas gerações não tenham mais os estímulos intelectuais que havia até trinta ou quarenta anos passados.
“Os tempos estão ruins. É um fenômeno universal, uma espécie de deterioração dos conceitos e do sentimento estético. Em qualquer país do mundo é a mesma porcaria. É a massificação dos meios de comunicação, tudo ficou igual no mundo inteiro”
Ao ser o considerado o maior poeta do mundo, dizia que foi por julgamento, que a maioria das pessoas que o consideravam não o haviam lido e sim escutado falar.
“Não me julguei nem julgo, e digo mais: não sei qual é o maior poeta brasileiro de hoje nem de ontem. Para mim, não há maiores poetas. Há poetas. E cada poeta é diferente dos outros.”
Em uma entrevista publicada dezessete dias antes de dar adeus ao mundo, Carlos Drummond de Andrade confessava que tinha um único e prosaico medo: o de escorregar, levar uma queda boba e quebrar o fêmur.
“Sou uma pessoa terrivelmente corajosa, porque não espero nada de coisa nenhuma. Não tenho religião, não tenho partido político. Vivo em paz com meu critério moral. Vivo em paz com minha consciência”.
Sua obra narra a trajetória de um homem, de uma geração e de um país. Um homem que saiu do interior de Minas Gerais, da cidade de Itabira do Mato Dentro para a cidade grande. Envolveu-se nos conflitos de seu tempo e se quedava metafísico e retirado quando as coisas do mundo o aborreciam. Sua primeira publicação foi em 1918, com um poema em prosa “Onda” no jornalzinho Maio.
Seus versos transmitem a emoção que sentia no momento em que escrevia, momento que poderia ser um parodoxo do que havia escrito antes. Tratam de temas metafísicos a fatos jornalísticos. Ele foi diametralmente oposto e talvez complementar. O cronista e o poeta. Foi politicamente comprometido, mas nunca aderiu a um partido. Certos poemas são profundamente religiosos, mas não acreditava em Deus. Gostava de ser amado mas abominava a celebridade.
Durante 15 anos, todas as terças, quintas e Sábado, Carlos Drummond de Andrade publicou suas crônicas no Caderno B. De sua estreia, em 2 de outubro de 1969, falando sobre o leilão que liquidava a Panair do Brasil, até o ‘ciao’ de despedida em 29 de setembro de 1984, quando faz um balanço de sua atividade na imprensa, foram 780 semanas da história do país e do poeta refletidas com agudeza e lirismo em mais de 2 mil e 300 crônicas. Nos deixando entre outras lembranças um poema, Rotativo do acontecimento...
"...E é por admitir esta noção de velho, consciente e alegremente, que ele hoje se despede da crônica, sem se despedir do gosto de manejar a palavra escrita, sob outras modalidades, pois escrever é a sua doença vital, já agora sem periodicidade e com suave preguiça. Cede espaço aos mais novos e vai cultiva o seu jardim, pelo menos imaginário.
Aos leitores, gratidão, essa palavra tudo.”
(trechos de CIAO de Carlos Drummond de Andrade)