E todos os outros devotos esticando a procissão pra mais uns 200 metros de tamanho, cantando um hino muito conhecido: “Os anjos... todos os anjos... os anjos... todos os anjos...”.
Seguiam cantando de um jeito muito bonito e compenetrado, todos olhando para o chão. Mais precisamente para os próprios pés, pois é assim o jeito de seguir uma procissão lá pros lados do interior.
Somente o padre, que puxava as cantorias, olhava para a frente e para o alto e cantava aquele estribilho.
De repente, apenas o padre – o único que olhava para a frente – avista, bem do alto da rua, à sua frente, um ônibus em ziguezague. O motorista, na janela, gritando desesperado que havia perdido o breque. Lá praquelas bandas, ônibus é chamado carinhosamente de jardineira. E aquela jardineira sem breque, seguindo em cheio no rumo da procissão, ia fazer o maior estrago. Foi nessa hora que o padre, percebendo a desgraceira que ia ser, olhando pra trás, grita bem alto para todos: “Turma! A jardineiraaaaaaaaaaaaa!”
Foi a conta. Todos interromperam a cantoria (“os anjos... os anjos...”) para, imediatamente, de um jeito festivo e carnavalesco, cantar: “Oh jardineira por que estás tão triste... mas o que foi que te aconteceu?”...
(Nova Alexandria, 2001).
Um comentário:
e no país do carnaval tudo acaba em samba
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