Publicada em 27/01/2008 às 08:29
Gravações revelam que Tuchinha e sua quadrilha transitavam livremente na quadra da Mangueira
Camilo Coelho e Marco Antônio Martins - Extra
RIO - Escutas telefônicas feitas pelas polícias Civil e Federal comprovam que o traficante Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha, transitava livremente na quadra da Mangueira. Segundo as investigações, ele tinha acesso ao camarote - com uma passagem secreta para a favela -, e até mesmo à sala do presidente da bateria. Na época, o cargo era ocupado pelo Cabelo Vermelho, como Tuchinha chamava carinhosamente Ivo Meirelles.
Ainda como Francisco do Pagode, Tuchinha também preparava a festa da vitória, antes mesmo de saber se seu samba ganharia. Durante a feijoada na quadra, no dia 13, data da escolha do samba-enredo, Tuchinha tira-onda com o comparsa. Ele diz gargalhando:
" Tô no ar-condicionado. Geladinho "
O comparsa orienta o chefe: "Tô aqui na parte superior, escondidinho" , e marca um encontro na "sala do presidente".
Em outra conversa, Tuchinha fala para um cúmplice que a quadrilha vai entrar "por cima". De acordo com a polícia, os bandidos usaram a passagem secreta para entrar na quadra, que estava lotada naquela noite.
" "Nós vamos tudo por cima hoje porque vai ficar sinistro lá embaixo". "
Na madrugada, Francisco do Pagode venceu a disputa do samba. Ele comemorou no camarote "geladinho" com a quadrilha. O local tem três aparelhos de ar-condicionado, pista de dança, dois banheiros e freezer - a passagem liga a quadra à laje de uma casa, através de uma escada de madeira que, segundo a polícia, facilita a fuga de bandidos.
Encomenda de uísque dois dias antes da decisãoAinda faltavam dois dias para a escolha do samba que a Mangueira levará para a Sapucaí este ano, mas o compositor Francisco do Pagode, como Tuchinha é conhecido no mundo do samba, já preparava a comemoração. Ele aparece em escutas telefônicas feitas no dia 12 de outubro do ano passado encomendando seis garrafas de dois litros de uísque ( clique aqui e ouça ). Na manhã de domingo, dia 14, o samba que tem como refrão "É frevo, é frevo, é frevo" venceu a disputa.
A encomenda das garrafas foi feita a um homem não identificado na tarde do dia 12. Tuchinha pede que ele compre o uísque com um "coroa" porque ele consegue mais barato ( clique aqui e ouça ). Como não conseguiu a compra, Tuchinha teve que insistir no dia seguinte.
Na outra ligação, já no sábado dia 13, véspera da escolha do samba, Tuchinha reclama com o comparsa - que diz estar na quadra da Mangueira comendo a feijoada - e diz que o uísque tem que ser comprado "hoje" ( clique aqui e ouça a parte em que ele diz sobre gelo de coco, energético e uísque ).
De uma localidade conhecida como "Via Show", onde estava, Tuchinha ordenou que ele comprasse o uísque para a comemoração.
Charutos cubanos para a comemoraçãoAs escutas telefônicas feitas pela polícia mostram que Tuchinha não economizava no Morro da Mangueira. Bebia uísque e fumava charutos cubanos. Em uma gravação do dia 13 de outubro, um comparsa liga para o chefe pedindo charutos. Ele pede as melhores marcas. O bandido tinha certeza de que levariam a melhor na escolha do samba, que aconteceria no dia seguinte.
" Aê, tu tem charuto Cohiba lá? "
Tuchinha diz que não tem, mas vai usar alguns guardados:
"Vou usar o de lá. Vou usar o da caixa que tem lá." Cohiba é marca de um charuto cubano em que existem 24 tipos diferentes. Os preços variam. Uma caixa com cinco pode ser vendida por 49,57 euros (R$ 129,87) ou com 50 charutos a 993 euros (R$ 2.601).
O comparsa insiste e Tuchinha fala para ele pegar o charuto com Ivo Meirelles, ex-presidente da bateria. "O Ivo acho que tá com o Romeu e Julieta."
Confiram o áudio gravado pela Polícia nos links da matéria do jornal "EXTRA".


Os moradores de Novo Aripuanã, município distante 220 quilômetros de Manaus, sofrem com a infestação de formigas carnívoras. Quintais que eram utilizados para roças foram praticamente abandonados. Grilos, lagartos e ratos estão desaparecendo da cidade e até atividades simples, como brincadeiras no pátio e conversas embaixo das árvores, representam risco à população, segundo informações da Agência Brasil. As formigas que estão causando transtornos em Novo Aripuanã são chamadas formigas de fogo ou lava-pés. A primeira colônia chegou em toras de madeira que desceram das cabeceiras de rios e, rapidamente, os animais se espalharam pelo município. Vítima dos insetos, o bancário Raimundo Nonato afirma que 80% da cidade está infestada pelas formigas. “Elas atacam principalmente os animais domésticos, como cachorros, gatos, galinhas. É difícil a gente ter esses animais porque elas atacam”, afirma. Segundo ele, as formigas não poupam nem as pessoas. “É uma coisa horrível. A qualquer momento, elas estão no pé da gente”, afirma. O agrônomo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Marcos Garcia esteve no município. Segundo ele, as formigas são nativas da região. Garcia diz que as condições da zona urbana favorecem a proliferação dos insetos e orienta a população a acondicionar o lixo de forma adequada. “É uma espécie de formiga que aproveita todo tipo de material orgânico. Por exemplo, resto de peixe, ossos, carne em geral são consumidos por essas formigas”, explica. 


