Brasil, um país de cornos. Calma, leitor(a). Essa é apenas uma humilde e desinteressada sugestão (quem sabe até uma constatação?) de slogan para o desgoverno rasgar logo a fantasia e cuspir na cara de todos que o rei está nu, mesmo, vai continuar andando nu e que quem não quiser olhar a constrangedora nudez do rei tem mais é que fechar os olhos – de um jeito ou de outro.
No país de Reginaldo Rossi, a brasileirada (doravante denominada “Reginaldinhos”) torce por um campeonato de Stock Car que é “multimonomarca”. Explico: Por fora, o telespectador vê veículos com quatro bolhas multicoloridas diferentes. Uma exibe a marca Peugeot, outra exibe a marca GM, outra exibe a marca VW e outra exibe a marca Mitsubishi. No que o telespectador acredita? Que quatro marcas lutam entre si nas pistas para mostrar ao consumidor em potencial quem é a melhor e, assim, conquistar o seu bolso. As bolhas até se assemelham aos carros que andam nas ruas, para criar um clima de pseudo-competitividade ainda mais intenso.
Acontece que os “Reginaldinhos” estão vendo, em realidade, carros exatamente iguais voando sobre a pista. Nenhum deles, nem mesmo remotamente, possui motor GM, VW, Peugeot, ou Mitsubishi – nem mesmo versões mais potentes, preparadas por cada uma das fábricas ou equipes individuais, o que seria até natural em competições. Os “Reginaldinhos” estão torcendo por carros que possuem o mesmo chassi, o mesmo câmbio, o mesmo motor – tudo feito longe das quatro fábricas envolvidas nas competições. Daí a expressão “multimonomarca”. Pode-se inferir, a partir daí, que Stock Car é corrida de corno? É difícil precisar. Mas eu não colocaria a mão no fogo das caras-metades enquanto os “Reginaldinhos” estão babando por sua “marca” preferida nos autódromos.
Esses mesmos “Reginaldinhos” são contra a tecnologia nos estádios de futebol, apesar de adorarem um “replay instantâneo” das jogadas mais importantes enquanto estão afundados no sofá da sala. Com isso, todo o avanço tecnológico da eletro-eletrônica não avança quando o assunto é permitir aos técnicos de cada equipe três chances – por meio de “replays instantâneos” – de contestar decisões da arbitragem que sejam potencialmente catastróficas. O bacana, mesmo, é xingar a mãe do juiz a plenos pulmões das arquibancadas, enquanto o time, em campo, vê deslizar ladeira abaixo todo um esforço, todo um treinamento, toda uma programação, talvez até todo um longo e difícil campeonato, por causa de um simples erro do árbitro que não pode ser contestado.
Aliás, são alguns desses mesmos “Reginaldinhos” que reclamam, indignados, que a venda de bebidas alcoólicas é liberada nas estradas federais, e que por causa disso ocorrem os tenebrosos acidentes registrados ultimamente. Enquanto fazem força para tirar o sofá da sala, como todo corno que se preza, os “Reginaldinhos” ignoram que a bebida adquirida num supermercado dentro do perímetro urbano embebeda do mesmo jeito que a vendida na beira da estrada, e que a obrigação do motorista é não beber, ponto final. A carga que ele transporta pode até ser composta inteiramente de passageiros bêbados, mas ele, motorista, tem que estar sóbrio. Para continuar vivo, para não matar ninguém e para não ir parar na cadeia.
O fenômeno da ressurreição da CPMF também deixa os “Reginaldinhos” elétricos. Desmemoriados, eles ignoram que o novo imposto vá ter sua alíquota miudinha estuprada num futuro não muito distante, da mesma forma que a CPMF original, e que a parcela destinada à Saúde(?) acabará ficando na quinta parte do todo que, na realidade, deveria representar.
Fazer o quê? No fim das contas, o Brasil “é assim mesmo”…
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Um comentário:
até parei de postar o *ACORDA POVO* porque não sei até aonde é apatia ou conivência
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