A PRIMEIRA VÍTIMA DA REPÚBLICA
15 de novembro de 1889. A proclamação da República põe fim a 67 anos de monarquia. Tramado nos quartéis, o golpe não conta com participação popular. Movimento de cúpula, engendrado dentro dos esquemas do poder. Transformação pacífica. O que poucos sabem é que fez uma vítima civil.A data coincidia com o último dia de trabalho do carteiro Patápio Silveira. Tomou café, beijou a mulher e a filha, saiu e tomou o trem para o centro do Rio. No caminho, comentários esparsos sobre a crise militar. Chegou à repartição, presenteou o carteiro mais moço com o quepe que havia usado por mais de 40 anos. Finalmente aposentado. Passou no bar, para conversa rápida.
No Campo de Santana, o destino o aguarda. Alheio à movimentação das tropas, Patápio avista um cavalo morto no meio da rua. Aproxima-se e, depois de alguns instantes, percebe a briga entre um cadete e um almirante. Nervoso, o cadete saca a arma e acerta o almirante. Confusão. Assustado, Patápio corre e, num pulo, tenta alcançar o estribo do bonde que passa. Impossível explicar como foi parar embaixo das rodas. Antes de morrer ainda alcança ouvir as exclamações da tropa: “Viva a República! Viva a República!”
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