3 de dezembro de 2006

O mundo está mais triste...


"Frank De l’ Amour l est parti
Édi Prado

A notícia chegou rápida como toda coisa ruim. O Aroldo, o taxista branco de barba, do carro branco, informou num misto de tristeza e “orgulho de primeira-mão”: O Frank de L’amour” morreu. Informação de taxista é rápida e se espalha veloz pelas ondas da rádio Maria-mole. Um ataque cardíaco fulminante desafinou o canto em português, crioulo, francês, inglês, espanhol, alemão e esperanto. Emudeceu o canto da cigarra e desencostou o surrado violão de tantas noites de cadentes estrelas matutinas. A notícia era repassada sempre com o cuidado em informar quem informou. Quando se trata de Frank De L’amour, todo o cuidado é pouco. Há sempre o risco de envolver-se em boataria ou em confusão.Nas emissoras de rádio, ninguém teve a coragem de “dar o furo”, antes de ver o corpo e olhar bem no rosto dele. Muita gente não acreditou nem quando olhou pela terceira vez Nem mesmo aquele radialista, conhecido como papa-defuntos, ousou anunciar o “desenlace”. Noutro dia, alguns jornais anunciaram timidamente o desencarne do rapaz talentoso, virtuoso e sempre pronto para o próximo espetáculo. Ele e o Venilton Leal, eram como acordes do mesmo violão. A vida para eles era assim meio sem pressa-apressada. Tudo era festa ou acabava nelas. Tinham sempre uma grande oferta esperando pelos patrocinadores. As conversas tinham sempre o tom dos segredos, dos grandes anúncios e das grandes realizações. Tudo era grandioso, esplêndido, fantástico.

Frank De l’amour ou Douglas, tinha pressa de viver. Não importava como. Se antes era lenda, agora é lendário. Não há entre quem o conheceu que não tenha colecionado pelo menos sete “causos” envolvendo ele como protagonista principal. A canção, o amor, as paixões e as ousadias não tinham limites nem fronteiras. Tudo era permitido e possível se não houvesse o quase. Na próxima, bastava eliminar o quase e tudo escorria tão bem. Há quem diga que ele haveria dito que gostaria de “viajar” com o melhor “costume” (paletó) e com todos os documentos, inclusive os passaportes como brasileiro e como francês. É que ele tinha duas nacionalidades e até hoje ninguém entendeu bem como foi essa transfusão de países. Dinheiro? Para quê dinheiro se isso ele conseguia até dos postes dorminhocos?

Em se tratando de Frank De l’amour, nada é estranho. Há quem especule que os documentos era uma prova de ele estava morto e precisava sacar o seguro de vida. Ele tinha que provar que estava morto para garantir a segurança de viver. Nisso ele foi vivo demais. Os coveiros receberam a metade e só receberiam a outra parte quando o retirassem do caixão, assim que a última pessoa lhe deixasse o último adeus.


Como todo defunto, ele não tinha defeito. Era brincalhão, alegre, cortês, diplomata, poliglota e músico/cantor. Ele era a cigarra que durante o inverno, se aquecia na dispensa das formigas. Não se espantem se depois de cantar “Dio como te Amo”, ele retorne com a viola cheia de canções e muitas histórias para contar. " (
http://www.correaneto.com.br/artigos/artigos.htm)



O mundo perdeu alguém alegre, alguém feliz e que acreditava que a vida é bela.
Conheci Franquito nas várias vezes que fui a Macapá. Um doido, sempre me pedia patrocínio mesmo sabendo que era inviável comercialmente, mas ele acreditava. Sempre nos encontrávamos na Beira - Rio e ele, cantando, me obrigava a acompanhá-lo. Quando soube que cantei "A Marselhesa" no Ginásio me fazia cantar na praça. Não tinha como dizer não, ele realmente era envolvente e agradável.
Meu ultimo contato com ele foi em uma viagem de navio Macapá-Belém, acompanhado do meu filho Junior, onde ele mostrou com maestria porque era um sucesso. Show-man que manteve acesso o espírito de todos com ritmos dançantes e bebericantes. Ficou colado 24hs, nos fez participar do show e quando nos despedimos em Belém, ele me deu um beijo no rosto me chamando de irmão.
Ele se foi em fevereiro e só agora fiquei sabendo.

Franquito, você deve estar dando aquelas risadas gostosas e me sacaneando como sempre gostou de fazer e se divertir.

Fique com Deus, meu Irmão!


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