16 de dezembro de 2006

"Quem rouba, não é corrupto, é ladrão"

"Alguém decidiu que os crimes contra o dinheiro público, aquele que é fruto da arrecadação de impostos, taxas e contribuições dos nossos bolsos para os governos, são “crimes de colarinho branco” e quem os comete são “corruptos”.

Chamar estes criminosos de “corruptos” é complacência, por que nos dicionários está escrito, que “corrupto” quer dizer desmoralizado, estragado, podre.

Este escape perpetrado, principalmente, pela mídia, torna um crime hediondo, pois são desviados milhões de reais da saúde, educação e infraestrutura, em um pequeno delito no entendimento da maioria da população brasileira, que não tem uma idéia precisa do que seja corrupção e corrupto. O povão sabe o que é roubo e ladrão.

Ao denominar estes criminosos, de anões do orçamento, mensaleiros, sanguessugas, aloprados e outros termos jocosos e engraçados a mídia os diferencia dos demais criminosos, tachados de ladrões.

Este pequeno detalhe semântico é que explica por que as classes menos favorecidas da população não se indigna.

Para o povão quem rouba qualquer coisa é ladrão. Eles não fazem distinção nem entre furto e roubo.

Ao amenizar o crime contra o dinheiro público, denominando-o como corrupção, estamos protegendo quem os comete, pois o olhar popular não sabe o que é corrupção. Ele sabe o que é ladrão.

Tivesse a mídia, utilizado as palavras certas, que fazem parte do vocabulário popular, com certeza o país estaria indignado.

Tivesse a mídia, escrito ao invés de corrupção roubo e ao contrário de corrupto ladrão, muita gente que foi eleita não teria sido eleita.

O problema é que a imprensa se tornou asséptica e inodora. É pudica, tem vergonha de ser uma imprensa popular. A mídia criou manuais de redação e estilo, ficou empolada.

A mídia tem vergonha de ser direta.

Ao invés de dizer, o banqueiro fulano roubou milhões, ela diz que ele desviou milhões. Ao invés de taxa-lo de ladrão, chama-o de corrupto. Para o povão o verbo desviar quer dizer atalho e corrupto é desmoralizado, tal como está escrito no dicionário.

Ao não usar as palavras certas, ao desprezar os dicionários, a imprensa se distancia do povo. Perde leitores e vai encolhendo.

Está na hora de se rever à linguagem da imprensa. A mídia não escreve e não fala a linguagem que o povo entende.

O problema é de semântica, pois para o povão quem rouba é ladrão."





2 comentários:

Alexandre, The Great disse...

Luiz Carlos.
"Ladrão" é um adjetivo pouco eficiente para (des)qualificar estes facínoras. Já não produz tanto "impacto" a quem ouve.
Talvez devêssemos empregar seus sinônimos, com maior impacto sobre o povão.
Que tal: salteador, bandoleiro, biltre, ladravaz, ladravão, ladroaço, ladronaço, tunante, surrupilhante, ventanista.

Amplexos,

spersivo disse...

Dom Luíz,
Como passas neste maravilhoso fim de ano de dois mil e seis? Com a maravilhosa perspectiva de mais 4 anos de sapo barbudo? Óh! Ceús! Ainda existe ladrão? Claro que é ficção. Este Bruno deve ser das elites, da imprensa marronzista, um dos conspiradores, quem sabe uma semente de Lacerda. Abs. S.