Gol de Letra
Nílton Santos, 80 anos
Nílton Santos — a Enciclopédia do Futebol Brasileiro — completará 80 anos na terça-feira, dia 16. Tive a sorte de acompanhar, pelo menos no Brasil, grande parte da carreira dele. Para mim, apesar da presença de seu querido compadre Mané Garrincha, Nílton Santos é o melhor jogador da história do Botafogo, que completará 101 anos em agosto. Ele fez 729 jogos pelo Glorioso e 82 pela Seleção Brasileira, a partir de 1948 e 1949, respectivamente. Dele tenho algumas recordações pessoais, um livro com dedicatória e uma viagem a São Paulo na qual ele me contou várias histórias, apesar de seu terror de avião. Ah, me esqueci: o lateral-esquerdo de meu intocável time de botões, que montei em 1952, chama-se Nílton Santos. E tive ainda o privilégio de assistir à sua última partida no Maracanã, onde o Botafogo derrotou o Flamengo por 1 a 0, gol de Roberto Miranda, de cabeça.
Pelo Botafogo são incontáveis as lembranças de que tenho dele. Quem viu, viu, quem não viu jamais verá outro igual. Pela Seleção Brasileira, dele guardo três momentos históricos: sua expulsão de campo contra a Hungria, na Copa do Mundo de 1954 (brigou com Boszik); seu gol diante da Áustria no Mundial de 1958, na Suécia, após tabela com Mazzola; e sua malandragem (dando um passo para fora da área) no pênalti que cometeu sobre o ponteiro espanhol Collar, na Copa do Mundo de 1962, no Chile.
E só outro dia, conversando com outro de meus ídolos, Otávio Sérgio de Moraes, fiquei sabendo de seu apelido assim que começou no Botafogo: Caminhão. Não me perguntem a razão porque não sei. Otávio me revelou que era pelo jeitão dele, correndo com a bola. Por fim, uma história curiosa: Carlito Rocha morreu brigado com ele, Nílton Santos, que me explicou a razão:
— Seu Carlito queria que eu pedisse a ele para encerrar minha carreira...
Implicância com Heleno
Certa vez, numa crônica ou num programa de rádio, escalei Heleno (foto) como o melhor centroavante da história do Botafogo. Até admito que exagerei, porque tive apenas duas oportunidades de ver Heleno com a camisa alvinegra. Mas Nílton Santos não me aliviou. Na primeira oportunidade em que nos encontramos, ele me deu a maior bronca, dizendo que o melhor centroavante do Botafogo tinha sido Sílvio Pirillo. A rigor, Nílton Santos jogou apenas uma ou duas vezes com Heleno, no início da temporada de 1948, antes de Heleno se transferir para o Boca Juniors. Mas ocorre que nos primeiros treinos em General Severiano Nílton Santos, jogando pelos reservas, deu um drible de corpo em Heleno e por ele foi xingado. Por pouco os dois não se atracaram. Aceitei a crítica, principalmente vinda de quem veio. Nílton Santos tem sempre razão...
Esta coluna é publicada às terças e sextas-feiras no Jornal dos Sports.
robertoporto@jsports.com.br
Um comentário:
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