Até a metade do século XIX, a Baixada de Jacarepaguá podia ser considerada como subúrbio. Hoje ela surge integrada à Zona Sul do Rio de Janeiro. Ao longo de todo esse período, destacam-se tanto a formação dos espaços de moradia quanto as transformações da paisagem rural, que vai adquirindo características urbanas sem, porém, perder de todo o charme e a beleza naturais.
A toponímia e a geomorfologia da Baixada de Jacarepaguá conservam ainda a memória do tempo em que a região era ocupada pelas tribos tupis, além da preservação de seus espécimes raros de fauna e vegetação. O próprio nome Jacarepaguá em tupi significa lagoa rasa dos jacarés, de yakaré + upá (lagoa) + guá (baixa, rasa). Mesmo nos locais mais densamente ocupados é registrada a presença de pássaros nativos como a rolinha, o beija-flor preto, as garças, o bem-te-vi, o sabiá-laranjeira ou a cambaxirra. O pombo doméstico, o pardal e o biquinho-de-lacre, trazidos com a colonização, estão adaptados e são numerosos. A região conta com áreas preservadas como, por exemplo, o Bosque da Freguesia.
A cultura do açúcar trouxe a construção de benfeitorias e capelas nos engenhos coloniais nos séculos XVI e XVII. As festas religiosas e procissões induziram a construção das numerosas igrejas e capelas, como a da Nossa Senhora do Loreto e a da Nossa Senhora da Pena, visitadas de quando em quando pela própria Imperatriz na época de D. Pedro II. Ainda hoje são elas marcos arquitetônicos do bairro.
Os elementos da arquitetura do passado de Jacarepaguá constituem hoje um patrimônio valioso da cidade do Rio de Janeiro. Exemplos desse passado tão presente são a sede do Engenho d'Água, na Cidade de Deus, com seu notável jogo de varandas, e o aqueduto do antigo Engenho Novo, hoje Colônia Juliano Moreira.
A partir do século XIX a região surgia como periferia da Corte, fato que gerou o aparecimento das grandes propriedades, onde o café florescia nas terras altas da Freguesia, Itanhangá e estrada velha de Jacarepaguá.
Entre os vários distritos de Jacarepaguá, destacamos o bairro da Freguesia, onde se situa o nosso campus. Ponto final de uma das duas linhas de bonde de Jacarepaguá, a Freguesia foi durante muito tempo conhecida como a antiga Porta d'Água: o nome designava um dos três rios que ali se encontram e acabaram por dar o nome a uma das estradas principais da localidade.
A influência da Freguesia se estendeu por uma área ampla e variada: a vizinhança do Engenho d'Água, pelo caminho do portinho da Gabinal, a Estrada dos Três Rios e as vertentes da serra do mesmo nome, a parte mais alta da Estrada do Pau Ferro, e a localidade do Anil, na Estrada Velha, que ligava a Freguesia ao Itanhangá, às ilhas das lagoas costeiras e às praias da Barra da Tijuca, esta última também chamada Restinga de Jacarepaguá.
Como em outros bairros da cidade, a extensão das linhas de bondes, eletrificados a partir de 1911, gerou crescimento econômico e populacional, favorecendo a formação de uma classe média do bairro. O processo do parcelamento das grandes propriedades, a procura do bairro de Jacarepaguá para abrigar numerosas clínicas e hospitais e o surgimento das residências foram contribuindo para as suas feições atuais.
É justamente a partir da segunda metade do século XX que se observa de que modo o "sertão" se transforma em bairro com características de Zona Sul, após a implantação das várias vias de acesso á região.
Fonte: VIANNA, Hélio. Baixada de Jacarepaguá: sertão e "Zona Sul". Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Esporte: Departamento Geral de Patrimônio Cultural, 1992.
4 comentários:
Hoje ela surge integrada à Zona Sul do Rio de Janeiro.----------O que significa essa afirmacao? Que Jcpg e' Zona Sul??
Esse autor conhece o Rio de Janeiro?????
Ele começa e termina buscando associar Jacarepaguá à Zona Sul. Lamentável...
Lamentável..., disse um anônimo.
O outro, tbm anônimo, perguntou se o autor conhecia o Rio de Janeiro...
Infelizmente poucos conhecem a história de Jacarepaguá. Que Jpa tem a sua Zona Sul, mas os novos moradores destes sub-bairros não admitem que moram em Jpa. Estes "anônimos" deveriam ler um pouco da história do seu bairro e de bairros vizinhos para fazer certos comentários.
Fiquem na Paz e Viva JACAREPAGUÁ.
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