Não é simples narrar como ocorre isto que se chama de mensalão. Vou tentar numerando
1. Esquema clássico. Governos contratam agências de publicidade e sobre-multiplicam a veiculação e sobre-faturam as produções. No que é excesso sobre a comissão da agência é contabilizado como crédito do partido do governo para os programas políticos nas eleições e nos intervalos.
2. Um fornecedor do governo sobre-fatura um serviço ou numa operação financeira se acerta uma taxa além/aquém do mercado gerando um ganho. A empresa beneficiada paga uma porcentagem como propina.
3. Valerianas. Uma empresa que obteve ganhos junto ao governo -fornecedor, fundo de pensão,..- contrata a agência de publicidade, que lhe dá uma nota pelo "serviço prestado". A agência tira sua comissão, finge que presta o serviço, ou inventa uma produção, ou veicula parcialmente apenas, e paga os mesalões na outra ponta. A empresa que deu o dinheiro não precisa pagar diretamente a políticos. A agência pode forjar um empréstimo ou não. A agência emite nota fria para fechar a sua contabilidade. E define com o banco pagador como a despesa deve ser contabilizada, como prestação de serviços,.... Um crime quase perfeito. Mas na ponta do pagamento fizeram uma operação grosseira de pagamento e a corda cortou aí.
4. Realmente corrupção sempre aconteceu na política no mundo todo. Mas os fatos ocorriam no varejo numa relação bilateral - corrupto/corruptor. É a primeira vez que se tem noticia de um esquema centralizado, onde a pirâmide começava num ministério presidencial se abria em um operador público-delubiano e um operador privado-valeriano, e se abria em diretorias vinculadas ao agente privado - dentro de sua empresa - e ao setor público - diretamente aos políticos, ou indiretamente via repassadores.
Não sei se consegui resumir, mas são estes os fatos que tem sido informados nos bastidores da CPI e nos corredores.
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