4 de setembro de 2006

Porcos, história e criação no Rio...

História

Os porcos apareceram na terra há mais de 40 milhões de anos. Sua domesticação, que antes se creditava aos chineses, foi observada há 10, 12 mil anos atrás, conforme recente pesquisa do arqueólogo americano M. Rosemberg. Ele descobriu que os primeiros homens de aldeias fixas tinham como principal fonte de alimento os suínos, e não cereais como a cevada e o trigo.
Também data da Antigüidade a origem das primeiras polêmicas que cercam o consumo da carne suína. Moisés, o legislador dos hebreus, proibiu o consumo da carne de porco para seu povo para evitar verminoses comuns, como a solitária e doenças como a lepra, que vitimavam o povo judeu.
Durante o Império Romano, houve grandes criações de porcos e a carne era apreciada em festas da Grande Roma e também pelo povo. Carlos Magno prescrevia para seus soldados o consumo da carne de suíno. Nesta época, foram editadas as leis Sálica e Borgonhesa, que puniam com severidade os ladrões e matadores de porcos.
Na Idade Média, o consumo da carne de porco era grande, passando a ser símbolo de gula, volúpia e luxúria.
Os suínos chegaram ao continente americano na segunda viagem de Colombo, que os trouxe em 1494 e soltou-os na selva. Em 1499, já eram numerosíssimos e prejudicavam as plantações em todo o continente. Os descendentes desses porcos chegaram a povoar grande parte da América do Norte. Também chegaram até o Equador, Peru, Colômbia e Venezuela.Outro episódio que comprova a excelente adaptação de porcos a ambientes selvagens americanos ocorreu ao fim da Guerra do Paraguai: após a destruição das fazendas paraguaias por soldados, os porcos foram soltos no campo. Até hoje, a região central do Brasil tem javalis descendentes destes porcos. O abate e a caça de javalis são permitidos pela legislação ambiental brasileira, pois não se trata de uma espécie nativa. Na verdade, esses animais são causadores de problemas ecológicos com a fauna local, em especial no Pantanal.

Rio de Janeiro, cadáveres, porcos?

Porcos são facilmente encontrados no Rio de Janeiro. Há cerca de um porco para cada cinco habitantes. São vistos revirando o lixo em vários bairros, principalmente do subúrbio. Uma das aparições mais marcantes foi no dia 6 de julho de 2006. Uma família de suínos mudou a paisagem do Centro da cidade naquela tarde. Uma porca de 300 quilos, batizada de Ronalda, cruzou as pistas da Avenida Presidente Vargas acompanhada de seus dois filhotes. Ela até deitou na rua para amamentar. O trânsito precisou ser interditado e bombeiros levaram mais de três horas para capturá-la. Apesar do tempo perdido, motoristas se divertiram com a "porcaria".
É muito comum também a criação de porcos em favelas. Na comunidade do Lixão, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, por exemplo, existem mais de cem chiqueiros e a comercialização da carne se tornou fonte de renda de muitos moradores. A atividade se torna lucrativa, já que o investimento é mínimo.
Mas também existe o outro lado da história. Como comem de tudo, menos alimentos à base de celulose, porcos são freqüentemente usados pelo crime para devorarem cadáveres e sumirem de vez com as vítimas. Nestes casos, a polícia intitula os criadouros como verdadeiros cemitérios clandestinos. Segundo o comandante do 15º BPM (Duque de Caxias), coronel Paulo César Lopes, "corpos são jogados no local, eliminando as pistas de assassinatos cometidos pelos traficantes".
O traficante Nilson Duarte da Silva, o Pagodeiro, que foi preso no fim de maio de 2006, no Complexo da Maré, Zona Norte, chocou a população com suas confissões. Conhecido por seus atos violentos e de tortura, afirmou que matava seus rivais e jogava os cadáveres para os animais comerem. Pagodeiro criava mais de cem porcos em uma área de mangue entre a Vila dos Pinheiros e a Favela Salsa e Merengue, só para essa finalidade. "Assim, ele conseguia se livrar até dos ossos, acabando com qualquer vestígio que pudesse incriminá-lo", disse um policial civil da Delegacia de Roubos e Furtos, que preferiu não se identificar. O comissário Alexandre Estelita acrescentou ainda: "Ninguém se atreve a roubar os porcos dos traficantes, sob pena de também ser morto".Infelizmente, essa realidade macabra também é conhecida pelas crianças que vivem nos morros cariocas. Em 2001, também no Complexo da Maré, alunos de um Ciep brincavam no pátio quando uma cabeça foi jogada no local e porcos a atacaram.

Fonte: O Dia Online

A criatividade da turma do crime é enorme aqui no Rio. Quem circula pelas imediações de favelas e morros sempre cruza com porcos atravessando a pista, imagina se atropelar um bichinho de estimação dos caras... Está arriscado a virar alimentação da criação.

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