Em missão
Repórter foi à polícia devolver o material, que estava em lixeira próxima ao estúdio
Doze horas depois de terem desaparecido do estúdio da TV RBA, as pastas que o candidato ao governo do Estado Almir Gabriel (PSDB) tem usado nos debates de que participa foram encontradas dentro de uma lixeira próxima à emissora, na avenida Almirante Barroso. Almir considerou o sumiço das pastas como furto, conforme afirmou a O LIBERAL no início da madrugada de ontem. A TV RBA pertence ao deputado federal Jader Barbalho (PMDB), aliado do PT nesta campanha que antecede o segundo turno das eleições para o governo do Estado. O crime de furto (subtração de coisa alheia móvel sem violência) está tipificado no artigo 155 do Código Penal Brasileiro (CPB). A pena para esse tipo de delito varia de um a quatro anos de prisão.
As duas pastas - uma com documentos, outra com perguntas - que sumiram logo depois do debate de anteontem à noite, na RBA, entre Almir e a candidata do PT ao ao governo do Estado, Ana Júlia, foram encontradas por um funcionário da emissora de prenome Roque e levadas até a Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), onde o inquérito policial foi instaurado. Quem levou foi um repórter da emissora, identificado como Joaquim Campos, por volta das 21 horas de ontem.
O que o delegado Eduardo Rollo, responsável pelo inquérito policial que apura o crime não conseguiu entender foi por que a direção da TV RBA designou um repórter, que sequer estava no estúdio no momento do fato, para levar os pertences do candidato Almir Gabriel até a Polícia Civil. 'Ele será ouvido em depoimento e terá de prestar todos os esclarecimentos necessários sobre como essa pasta foi parar em suas mãos. Acho que eles (a direção da TV RBA) não estão entendendo que se trata de um crime, um furto, cujas penalidades estão previstas em lei. Ele (o repórter) terá de se explicar sobre o fato. As coisas não são tão simples assim', alertou o delegado.
A coordenação da candidatura de Almir Gabriel definiu como 'maliciosa' a maneira como os funcionários da emissora agiram depois de terem encontrado o material. Um dos responsáveis pela programação da TV ligou para a jornalista Sílvia Regina, assessora de Imprensa da campanha tucana, dizendo que 'ela poderia comparecer à emissora para pegar de volta a pasta'. A coordenação da campanha de Almir Gabriel foi contactada por volta das 14h de ontem. 'Achamos melhor consultar o departamento jurídico. Como o inquérito policial já está devidamente instaurado, o procedimento correto é que eles entreguem o material furtado na própria delegacia', explicou o publicitário Orly Bezerra, coordenador de marketing do candidato tucano.
ESTRATÉGIA
O publicitário revelou ainda que, mesmo com a devolução do material, alguns procedimentos de campanha tiveram de ser reformulados, uma vez que o autor do furto teve tempo suficiente para copiar toda a estratégia utilizada pelo PSDB neste segundo turno. 'Hoje (ontem) mesmo, já tivemos uma reunião de campanha para redirecionar algumas estratégias, já que grande parte da metodologia utilizada na campanha estava naquela pasta. Para nossa sorte, no entanto, é saber que o dr. Almir é uma pessoa preparada e conhece o Estado como poucos. Ou seja, nossa perda material é compensada pelo potencial do candidato'.
Ainda assim, Orly Bezerra lamentou profundamente o episódio e lembrou da aliança política entre o deputado federal Jader Barablho, dono da emissora onde Almir Gabriel foi furtado, e a senadora Ana Júlia Carepa, do PT. 'É um fato grave e que ultrapassa os limites da ética, do respeito e da moral. É algo muito sério e que mostra atitudes completamente descabidas e desnecessárias para quem possui pretensões políticas. Entendemos que este é um caso atípico, cujos desdobramentos devem resultar na punição dos responsáveis por tamanha ofensa', avisou Orly.
Depois de ouvir o repórter Joaquim Campos ontem à noite, na sede da DFR, o delegado Eduardo Rollo decidiu intimar outras pessoas para depôr. Ele preferiu não revelar nomes, mas antecipou que se trata de funcionários da emissora e das duas campanhas que estavam presente no debate. 'Até porque o fato de terem devolvido a pasta não põe fim ao procedimento policial. Trata-se de um inquérito como todos os outros, cujo resultado será entregue ao Ministério Público do Estado que, por sua vez, vai fazer a denúncia à Justiça'.
O dono da casa é o Jader Barbalho, tinha uma petista de alta patente... Ninguém sabe de nada.
Faz sentido.
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