Desde a Idade Média, quando, em algum lugar do Oriente, um alquimista inventou o alambique, uma legião de países destila um cereal, uma fruta ou uma erva para fazer uma bebida típica. O Brasil faz parte desse time, com nossa popular cachaça. É claro que ela ainda não tem a fama da vodka ou do cognac, mas o panorama está mudando e, de bebida amaldiçoada com a tarja de falta de qualidade, ela agora é rotulada como chique e elegante. E este coro não é orquestrado por apreciadores nacionais, numa campanha xenófoba, mas sim por estrangeiros. Na Alemanha, a cachaça é a bebida mais pedida depois da cerveja, e chega a custar o equivalente a 15 reais a dose.Nos Estados Unidos, a revista In Style elegeu a caipirinha feita com nosso destilado o drinque mais quente do século. Virou moda. O tradicional coquetel feito de limão, açúcar e cachaça foi incluído na International Bartender Association, órgão que regulamenta as normas da coquetelaria, e já está entre os oito mais pedidos do mundo. Hoje, essa "senhora" brasileira povoa mesas sofisticadas em mais de trinta países.
Para vigiar de perto esse crescimento e, conseqüentemente, sua qualidade, foi criado o Programa Brasileiro para Desenvolvimento da Cachaça (PBDC), que estuda, entre outras coisas, a implantação de um selo de aprovação. Outra prova de que a indústria está preocupada com a qualidade são os lançamentos das grandes marcas industrializadas de bebidas especiais. A Müller, por exemplo, famosa pela tradicional 51, elaborada em Pirassununga, São Paulo, vende a Terra Brazilis, um tipo envelhecido em barris de carvalho importado. Outra gigante, a pernambucana Pitú, que exporta 2 milhões de litros por ano, tem na Gold, envelhecida em barris de carvalho, sua marca top.
Na mesma linha está a cearense Ypióca, com uma coleção de especiais: 150 anos, envelhecida em tonéis de carvalho e bálsamo; Rio, guardada por seis anos no carvalho e também uma orgânica. Os produtores comemoram os avanços, mas sabem que o caminho a percorrer é longo. O Brasil produz 1,8 bilhão de litros de cachaça anualmente, porém apenas uma pequena fatia dessa produção segue para o exterior. Em um mercado de bebidas destiladas que movimenta mundialmente 15 bilhões de dólares por ano, o país exporta apenas 8,5 milhões de dólares. Muito pouco se comparado aos 100 milhões de dólares da Tequila e aos 3,8 bilhões de dólares do Scotch Whisky. Ainda assim os ventos sopram favoráveis.
A bebida figura em uma lista do Ministério da Agricultura como um dos cinqüenta produtos com capacidade para dobrar a exportação nos próximos dois anos.
OS SEIS MANDAMENTOS DA BOA CACHAÇA
Não é preciso esperar o dia seguinte nem a dor de cabeça para saber se uma cachaça tem qualidade. Embora não existam regras claras sobre o que faz ou não uma bebida de excelência, algumas características do bom produto são inegáveis.
Listamos alguns truques para você identificar a bebida especial:
1º - A boa cachaça não resseca a boca nem queima a garganta.
2º - Também não deixa "bafo". Seu odor tem de ser suave. Cheire a cachaça ou esfregue uma pequena quantidade na palma da mão. O buquê deve ser agradável e lembrar suavemente o aroma da cana.
3º - A bebida de qualidade, quando agitada, forma uma espuma que deve desaparecer, no máximo, em 30 segundos. Agite o recipiente e confira.
4º - Despeje lentamente a bebida nas paredes do copo e observe. Ela deve escorrer como um fino óleo.
5º - Verifique contra a luz se o líquido é transparente e não contém impurezas.
6º - Uma vez aberta, a garrafa deve ser mantida bem fechada, para evitar a evaporação.
Revista Gula, abril/2002, Edição 114
Por: Ivana Elvas e Daniel Rizzo
Fotos: Ricardo D'Angelo
2 comentários:
Hummm...boas dicas! Mas, eu prefiro uma cerveja bem gelada.
Aqui em Goiás há umainga famosa, da cidade de Orizona, não sei o nome. Dizem que é servida até nos vôos da VARIG.
Luiz,
Em primeiro lugar desejo agradecer pelos "acepipes". Proust- inútil falar. A Casa dos Ramires juro que não me lembro de ter lido, mas Mitterrand, meu amigo, é gozação? Ele é o Lulla francês, com as devidas proporções de cultura, evidente! De qualquer forma são provocativos! Segundo: ainda não estou 100%, mas, como dizem os gaúchos, "Não está morto quem peleia, hombre". Aquele abraço. E o post de Belém, seu instigador, que saudades! Que festas não povoam aquela cidade. Nesta hora, meu amigo, é que se vê como bom comportamento é mau pago! Silvio
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