12 de janeiro de 2006

Parabéns, Belém!

Santa Maria de Belém do Grão Pará faz 390 anos hoje. Hoje você tem a chance de mimar esta morena de curvas cheirosas, de caminhos que em outubro exalam o perfume das delícias do Círio. Você já parou para se perguntar o que é Belém hoje? Mistura de novo e velho? Cidade de gente acolhedora, que leva o visitante para dentro de casa como se conhecesse há muitos anos?
Belém é tudo isso sim. É a volta de carro no final da tarde que começa na Doca até chegar à Estação. Na Estação, Belém é o pôr-do-sol amazônida, que merece o aplauso dos hippies, como no Rio de Janeiro. É a juventude das modinhas, das moças e moços de sorrisos bonitos, de domingos calorentos, desses que é preciso sair de casa para passear na praça da República. O final do dia pode ser em algum bar à beira da baía. Pode ser no cinema. O Cine Olímpia é o mais antigo do Brasil e fica na sua cidade, sabia? Ao lado dele, coladinho, coladinho, fica o Rosário - que muitos conhecem como 'Maranhão', por conta da origem do dono do negócio - carrinho que serve o melhor cachorro-quente da cidade. Tudo bem, pode não ser o melhor, o da sua esquina (eles estão em todas, repare) deve ser ainda mais gostoso.
Belém também é ópera. Poucos lugares reúnem tanta gente ao ar livre para ouvir com muita atenção sopranos e outros craques da música clássica. Por falar em craques, futebol também é sinônimo de Belém. Dois tons de azul dão a cor da paixão. Remo e Paysandu (em ordem alfabética para evitar confusão), duas paixões distintas, duas paixões que são a cara da cidade. Jogo aos domingos, radinho de pilha, churrasquinho de 'gato', a rampa do Mangueirão. Dividir esse amor? Nem pensar! Só a seleção canarinho conseguiu e foi de arrepiar. Campo lotado (porque aqui ninguém fala estádio), verde do gramado, amarelo das camisas da torcida. Brasil, Belém.

A cidade palavra
Emanuel Matos

Belém do Pará.
A cidade está na palavra
Assim como
A palavra está na cidade
Simetricamente postas.
Ambas não têm limites.
Uma veio do oriente
Ao ocidente
A outra faz o caminho inverso.
As duas têm ruas estreitas
Para nos salvar
Avenidas largas para pecar
Além das rotas estelares
Para se achar novos caminhos.
Belém, a palavra
Contém o mesmo som de sino
Que contém a cidade.
Fiéis aos seus destinos
Cidade e palavra
Me provocam desatinos.
Sinos para os mortos
Sinos para o Natal
Sino para o ano novo
Sino Batismal
Sinos para condenação
Para avisar os inimigos
Ou a chegada do peixe.
Sinos da vitória
Sinos de Belém
Sinos de outrora que me lembro
Tão bem.
Anunciando triste
A morte do Cristo, também.
A palavra e a cidade
São como são, dissílabos
Infinitamente silábicas
Ao se reproduzirem em músicas
Variadas.
Valsas para o Palacete Pinho
Polcas para os casarões
Maxixes para as rocinhas
Para as Igrejas cantochão
Carnaval para as pracinhas
Numa nota que seja minha
Para dizer que sou tua
Pode ser um Si
Cuja cifra é um B de Belém
Ave! Cidade amada.

Fotos copiadas do Diário do Pará e texto do portal ORM

3 comentários:

Saramar disse...

Que beleza, Luiz.
Este blog é uma escola, já disse isso? A cada dia, aprendo algo interessante aqui.

Lindo poema!

Beijos

Anônimo disse...

Luiz, a sua homenagem a Belém é algo que acaricia a alma da gente como a brisa da Guajará vivienciada na Estação das Docas se possivel, em noite de lua cheia.Desde o dia 12 (e hoje já são 15) que o Sol se derrama em caricias e luzes maturinas sobre a nossa aniversariante querida, quando dias antes era só chuva!Um presente que os menos avisados talves não percebam, mas eu que tenho o privilégio de uma janela para o nascente(embora só uma nesga estreita possa ser vista)e três janelões para o Poente com uma panorâmica de quase 180 graus e à altura de 13º andar, posso falar dessa beleza sem risco de exagerar. Obrigada por aumentar a beleza desta efeméride e receba saudações paraenses com cheiro de priprioca, patchuly e outros cheiros divinos que seria exaustivo mencionar aqui, Lila RayolRayoil

Anônimo disse...

Excellent, love it!
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