13 de maio de 2006

Pedaço da selva para europeu ver

CÓPIA - Museu de Barcelona reproduziu o ambiente da ilha do Combu na Europa moldando formato das árvores com resina e fibra de vidro


Muitos paraenses não sabem, mas desde setembro de 2004 um pedaço da Amazônia, mais especificamente da ilha do Combu, está em exposição permanente no Museu de Ciências de Barcelona, uma das capitais culturais da Europa. Numa espécie de redoma de vidro foi montado um ecossistema que reproduz com fidelidade o solo, o clima e até animais que vivem numa parte da floresta tropical inundada.
Engana-se, porém, quem pensa que os pesquisadoras espanhóis traficaram animais e plantas indiscriminadamente para o museu. Por meio de complexo processo de modelagem “cópias” das árvores foram obtidas em fibra de vidro e remontados em Barcelona.
Quem viveu de perto todas as etapas dessa experiência única foi o geólogo José Francisco Ramos, professor aposentado do Centro de Geociências da UFPA. Ele conta que em março de 2001, Jorge Wagensberg, diretor do Museu de Ciências de Barcelona, mantido pela Fundação La Caixa, esteve no Pará em busca de um local que mostrasse a floresta inundada. ”Ele já tinha passado por florestas da Guiana Francesa, mas se apaixonou por aquele pedaço de terra do Combu. Em setembro de 2001 ele retornou para fotografar a área e, em novembro do mesmo ano, chegou uma equipe de cinco pesquisadores a Belém, que se dirigiram imediatamente para a ilha.
Por ter na época um barco e um pequeno sítio na ilha do Combu, José Francisco foi escolhido para auxiliar o projeto.
Ao chegar no local escolhido, os pesquisadores recrutaram mão de obra local e escolheram várias árvores nativas para dar início ao trabalho. O primeiro passo foi passar no tronco das árvores uma espécie de resina fina que capta com fidelidade todos os detalhes da superfície das árvores.
Por cima da resina, eram aplicadas camadas de fibra de vidro que fixaram a forma e detalhes das árvores. Após terem secado, os moldes eram cuidadosamente cortados em pedaços , que seguiram em contêineres para a Espanha. “ É bom ressaltar que todo o trabalho foi realizado com licença do Ibama e apoio do Museu Paraense Emílio Goeldi”, diz.


Uma grande obra de engenharia

Os pesquisadores levaram dois anos e nove meses para reproduzir aquele pedaço de terra do Combu em Barcelona. “Na verdade a montagem da exposição foi uma autênitica obra de engenharia civil”, conta Ramos.
Vegetação nativa da região foi levada “in natura” pelos espanhóis e inseridas na exposição. O pedaço da Amazônia é permanente e ocupa uma ala inteira do Museu de Barcelona. Dentro da cúpula de vidro foi reproduzido o clima da Floresta Tropical, com temperatura e umidade controlados para não comprometer as plantas e os peixes que vivem no local. Os visitantes podem inclusive caminhar dentro do espaço, sentindo as sensações de um espaço amazônico. O pesquisador não tem idéia do custo da empreitada, mas diz que “apenas a etapa de campo consumiu quase US$ 1 milhão”.
Ramos conta que a lição mais importante que ficou de todo o projeto foi a aula de cidadania dada pela entidade mantenedora do museu espanhol, que investiu pesado para reproduzir um espaço desconhecido para a maioria dos espanhóis. “ Os países da Europa querem que suas populações tenham informação de qualidade sobre assuntos estranhos ao seu cotidiano. É a velha máxima: quem não conhece, não valoriza”.




E os gringos continuam se deslumbrando com a nossa Amazônia...
Ainda bem que tem algumas pessoas que não tomam conhecimento das coisas.
Seria um perigo, criariam embaraços e estragariam tudo com suas comparações futebolísticas...

Um comentário:

Kafé Roceiro disse...

Muito bonito isso! Queria estar lá para apreciar tamanha obra de arte!
abraço,
Kafé.