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VIDA QUE SEGUE - Livro reúne as melhores crônicas de João Saldanha durante as copas de 1966 e 1970
“Antes de mais nada, quero dizer que a vitória extraordinária do Brasil foi a vitória do futebol. Do futebol que o Brasil joga, sem copiar de ninguém, fazendo da arte de seus jogadores a sua força maior e impondo ao mundo futebolístico o seu padrão, que não precisa seguir esquemas dos outros, pois tem sua personalidade, a sua filosofia, e jamais deverá sair dela.”
(João Saldanha, 1970)
Apaixonado por futebol, João Saldanha sempre foi um homem polêmico e espirituoso.
Jornalista por formação, foi jogador e treinador de futebol, dirigente e comentarista esportivo e militante do Partido Comunista Brasileiro, protagonizando um dos casos mais controvertidos da história da seleção brasileira: sua demissão do cargo de técnico do time que seria tricampeão no México, em 1970.
Sobrinho de Saldanha, o pesquisador Raul Milliet passou meses pesquisando os arquivos da Biblioteca Nacional e reuniu suas melhores crônicas publicadas no jornal “O Globo” e “Última Hora” durante as copas de 1966 e 1970.
O resultado é o livro Vida que segue – João Saldanha e as copas de 66 e 70, que sai pela Nova Fronteira e chega às livrarias no dia 26 de maio.
Além das crônicas, o volume também traz prefácios de Oscar Niemeyer, Sérgio Cabral e Tostão;
um perfil biográfico de João;
depoimentos inéditos incluindo casos já folclóricos, como as brigas com o jornalista Armando Nogueira e o goleiro Manga;
informações sobre todos os jogos do Brasil nas duas Copas do Mundo, incluindo amistosos e eliminatórias.
No depoimento “Por que saí”, pela primeira vez Saldanha fala claramente que foi afastado da seleção por razões políticas, já que não interessava ao Governo Médici ter um técnico campeão que também era comunista.
Apesar de ter sido ele quem escalou o time que tinha Pelé, Tostão e Rivelino, entre outros craques, foi Zagallo quem acabou erguendo a taça como treinador do “escrete canarinho”.
Dois cadernos de fotografias, com 32 páginas, reúnem as melhores imagens da trajetória de João e dos jogos do Brasil nas Copas.
Nascido em Alegrete, no Rio Grande do Sul, João Alves Jobim Saldanha mudou-se para o Rio de Janeiro quando tinha 14 anos.
Seu apelido era João Sem Medo e jogou futebol profissionalmente por poucos anos, no Botafogo.
Tornou-se diretor do clube em 1944 e técnico depois da saída de Geninho, nos anos de 1957 e 1958.
Antes, viveu clandestino no eixo Rio-São Paulo-Paraná, como dirigente do PCB. Em 1956, de volta ao Rio, convenceu o então presidente do Botafogo, Paulo Azeredo, a comprar Didi, do Fluminense.
A campanha de 1957 foi gloriosa, e o time, que não era campeão desde 1948, ganhou o título com uma goleada de 6 a 2 contra o Fluminense.
Foi com Mané Garrincha, craque do Botafogo e da seleção, que Saldanha conheceu as maiores alegrias que o futebol-arte pode proporcionar.
Um bom exemplo foi a partida entre Botafogo e River Plate no Estádio Universitário do México.
Cem mil pessoas assistiram a um dos maiores espetáculos de Garrincha, e foi neste dia que surgiu a gíria “Olé”, tão comum nos dias de hoje. Os torcedores mexicanos, empolgados, não paravam de gritar.
Em 1960, Saldanha iniciou sua carreira no jornalismo esportivo, trazendo sua longa experiência no Botafogo — e também nos jornais comunistas dos quais participara como repórter, correspondente e editor.
Morreu em Roma, em 1990, para onde tinha ido por causa do futebol: estava na capital italiana para cobrir a Copa do Mundo para a extinta TV Manchete.
"Em 1968, quando a União Soviética invadiu a Tchecoslováquia, os intelectuais comunistas não gostaram, mas queriam uma explicação. Discutiam o tema nas mesas do Degrau, cada qual encontrando as razões mais complicadas expostas com aquela linguagem sofisticada dos conhecedores do materialismo dialético, quando chegou João Saldanha, que foi imediatamente abordado:
— O que levou a URSS a fazer uma coisa dessas, João? — perguntou um dos intelectuais.
João não pensou muito:
— Depois da segunda guerra mundial, a Europa Central é a zona do agrião. Quando a bola divide por ali, a União Soviética entra de sola. E os intelectuais comunistas (pelo menos, aparentemente) ficaram satisfeitos com a explicação."
"Numa palestra para estudantes universitários, uma aluna quis saber dele o que achava do futebol feminino. Pensou muito, indicando que se tratava de uma questão embaraçosa pelo menos para ele Mas resolveu responder: “Sou contra.” As moças manifestaram surpresa e decepção. João Saldanha, um cara sem preconceitos, como poderia ser contrário ao futebol feminino?
Mas ele explicou: “O sujeito tem um filho, que leva a namorada para conhecê-lo. O pai faz a pergunta clássica: “Você trabalha ou estuda?” “Trabalho”, ela responde. “Em quê?”, quer saber o velho. “Sou zagueira do Bangu.” Conclui Saldanha: “Pega mal, vocês não acham?”
(trechos do prefácio de Sérgio Cabral, no livro “Vida que segue – João Saldanha e as copas de 66 e 70)
Título: Vida que segue – João Saldanha e as copas de 66 e 70;
Autor: Raul Milliet;
Formato fechado: 14 x 21
Nº de páginas: 208 (304 + 32 em caderno de fotos P&B)
Preço de capa sugerido: R$ 29,90
SOBRE O ORGANIZADOR:
RAUL MILLIET FILHO é historiador, com mestrado em História Política pela UERJ e doutorado pela USP. Como professor sempre focou a linha de pesquisa sobre a história do futebol e cultura popular. Em 1987 idealizou e coordenou o RECRIANÇA - maior projeto de democratização esportivo e social para crianças e adolescentes, junto a mais de 500 prefeituras do Rio de Janeiro.
Copiado do Blog do Juca Kfouri.
João Saldanha, tio do Bebeto de Freitas, meu ídolo e que tive a oportunidade na minha infância em escutá-lo na Miguel Lemos, eu menino, parado na calçada, escutando ele discorrer sobre futebol, política e o nosso querido Botafogo.
Minha homenagens e é claro, estarei presente.
Vale a pena visitar o Blog do Roberto Porto que também tem histórias do Saldanha e principalmente do Botafogo.
Um comentário:
E aqueles comentários que ouvíamos pelo radinho no Maracanã, hein Luiz Carlos?
Começava mais ou menos assim: "Meus amigos..."
Bons tempos...
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