Tradicional bar do Leblon vai ser demolido e dará lugar a prédio luxuoso de cinco andares na Delfim Moreira
Christine Lages
Rio - O choro pedido ao garçom a cada rodada periga virar lágrima de verdade. O Caneco 70, um dos mais tradicionais redutos da boemia carioca, fechou há 14 dias. Dele, não sobrará nem migalha: o bar com vista para o mar do Leblon vai virar um prédio de cinco andares. Amantes do restaurante da Avenida Delfim Moreira esquina com Rua Rainha Guilhermina ensaiam trocar copos por faixas em um movimento ‘dos sem-boteco’.
A negociação entre os nove casais de proprietários do terreno e do bar — point de torcedores em época de Copa do Mundo — e o presidente da construtora CHL, Rogério Chor, foi longa. “Foram quase dois anos e meio de conversa . Outras construtoras também estavam interessadas. Mas, finalmente, chegamos a um acordo”, comemora Rogério, para tristeza de muitos.
ESPAÇO COBIÇADO
No lugar de mesas de madeira no interior e de plástico na calçada, um bloco de cinco apartamentos de luxo, um por andar, em espaçosos 180 metros quadrados. “É o metro quadrado mais caro do Brasil. Serão três quartos ou três suítes, com varanda onde bate o sol da manhã. já temos lista de espera de interessados”, diz o presidente da CHL, orgulhoso. O preço deve ser mais que salgado. Um imóvel na esquina ao lado, nos mesmos padrões e erguido pela construtora de Chor, não sai por menos de R$ 1,95 milhão.
O prazo para os proprietários deixarem de vez o Caneco é de 60 dias. As obras começam em quatro meses e o prédio ficará pronto em um ano e três meses. “Ainda não temos o projeto de arquitetura. Se os donos preferirem sair antes, melhor”, explica Chor. Nenhum dos donos do bar foi encontrado para comentar a venda.
Cinemas se transformam em templos, bares em 'espiguinhos caros', querem modificar a Praça Paris, em nome da tal modernidade e especulação imobiliária o Rio vai perdendo a sua cara.
2 comentários:
Luiz Carlos. As cidades mudam, mas as saudades ficam nos corações e mentes daqueles que viveram a época áurea de seus "redutos".
O Caneco 70 é a relíquia de uma época mágica, quando no futebol conquistamos o TRI no México e, jovens que éramos, aquilo foi o maior feito heróico que eu já tinha visto em minha vida. O patriotismo durou anos por conta do feito e quando frequentávamos o saudoso Caneco 70 êle aumentava, pois à lembrança vinham as imagens daqueles jogos emocionantes.
Agradeço sua visita e seu comentário. Recebo o amplexo (mas dispenso o "alvinegro", pois sou tricolor - rsss...) e o retribuo.
...fui algumas vezes quando menor. E soube da 'remoção'.
* Algum retorno cairia normal.
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