11 de dezembro de 2005

Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos

Bloco carnavalesco originário do subúrbio carioca de Ramos, zona da Leopoldina, tendo como padroeiro São Sebastião. Fundado a 20 de janeiro de 1961 por três famílias: Ubirany, Ubiracy e Ubirajara Félix do Nascimento (Bira Presidente); Alomar, Chiquita, Jorginho, Mauro, Walter Tesourinho e Jelsereno de Oliveira (Sereno); Aymoré e Conceição do Espírito Santo. Outras pessoas importantes na fundação e nas apresentações foram: Conceição de Souza Nascimento (mãe de Bira Presidente), que preparava todo o lado espiritual dos componentes do grupo através de preceitos e patuás, e mestre Dinho do Apito, diretor de bateria. O bloco não tem samba-enredo e temas desenvolvidos pelos compositores. Em 1962, o tema do desfile foi "Água na boca", samba de autoria de Agildo Mendes, que se tornou o hino do bloco. Outros temas foram: "Arco e flecha" e "Querem me derrubar ", ambos de autoria de Chiquita; "Coisinha do pai", de Almir Guineto, Luíz Carlos e Jorge Aragão; "Vou festejar", de autoria de Jorge Aragão, Dida e Neoci Dias; "Chinelo novo", de (João Nogueira e Niltinho Tristeza). Mais tarde, vários desses sambas foram gravados com sucesso nas vozes de outros intérpretes da música popular brasileira. Por sua ala de compositores passaram Jorge Aragão, Niltinho Tristeza, João Nogueira, Dida, Neoci Dias, Almir Guineto, João Nogueira, Sereno, Agildo Mendes, Chiquita, Marcílio, Bira Presidente, Wastir e Valdir. Sua fantasia é composta das seguintes cores: preta, branca e detalhes de cor vermelha, tendo como base a defesa e o resgate da cultura do índio brasileiro. Já pertenceram ao bloco: Laudir de Oliveira (percussionista da banda de Sérgio Mendes, um dos donos do grupo americano Chicago); Marina Martini, que em 1965 ganhou o título de Mulata IV Centenário do Rio de Janeiro e, mais tarde, chegou à final do Concurso Miss Guanabara; Glória Maria (repórter da Rede Globo) foi a primeira princesa do bloco. No início da década de 1970 e parte da década de 1980, o Pagode da Tamarineira, realizado nas quartas-feiras na quadra do bloco, reunia diversos compositores e intérpretes, que mais tarde se tornaram artistas reconhecidos na MPB: Jorge Aragão, Almir Guineto, Zeca Pagodinho, Marquinhos Satã, Luiz Carlos da Vila, Arlindo Cruz, Sombrinha, Sombra, Jovelina Pérola Negra, Pedrinho da Flor, Adilson Victor, Carlos Sapato e, na época, ainda crianças levadas pelos pais, Andrezinho do Molejo (filho de mestre André), Dudu Nobre (filho de João e Anita), Waguinho, Anderson do Molejo, que fugia de casa aos sete anos para assistir aos ensaios do bloco. Outra característica do grupo, que freqüentava as rodas de samba da Tamarineira, foi a criação de novos instrumentos, entre eles o "Tantã", por Sereno; o "banjo com braço de cavaquinho", por Almir Guineto e o "repique de mão", por Ubirany. No fim da década de 1970, Beth Carvalho, levada por Alcyr Portela, então presidente do Vasco, passou a freqüentar o Pagode da Tamarineira. Logo se interessou em gravar alguns compositores que freqüentavam às quartas-feiras a roda de samba. A cantora virou madrinha do bloco e do grupo Fundo de Quintal, composto por alguns desses compositores. Em sua primeira formação, o grupo era composto por Jorge Aragão, Almir Guineto, Sereno, Neoci Dias, Bira Presidente, Ubirany e Sombrinha. Conhecido até no Japão, assim como Estados Unidos e em vários países da Europa, é um dos poucos que ainda desfila pelas ruas da comunidade da Leopoldina (Ramos, Olaria, Bonsucesso e adjacências). Suas antigas apresentações chegavam a levar para Praça Onze, Avenida Presidente Vargas e/ou Avenida Rio Branco, no Centro do Rio de Janeiro, mais de 10 mil componentes, entre eles vários turistas, que todo ano integravam as alas. Vários filmes e livros sobre o bloco foram produzidos, documentando as suas atividades. No ano 2001, o tema usado foi "Coisinha do pai", uma das composições mais conhecidas do grupo, fazendo, a partir daí, com que o bloco reaparecesse com força total em desfile na Avenida Rio Branco, centro do Rio de Janeiro.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira


Um comentário:

Anônimo disse...

Luiz, boa noite.
Nossa, há tantos dias não venho aqui. E o blog está cheio de coisas interessantes (e deliciosas...hummm...vou engordar aqui) para ler.
Desculpe, é a correria de final de ano. E o seu blog não é algo que se leia em dois minutos.
Por exemplo, essa aula sobre o Cacique de Ramos é esplêndida e já me fez virar fã do bloco assim como sou sua fã.
Obrigada.

Beijos