No poder, mesmo depois de morto
Ainda que seja impossibilitado de continuar na Federação, Caixa d’Água vai mandar no futebol fluminense
Rio - De volta ao comando do futebol no Estado, o presidente da Federação de Futebol do Rio (Ferj), Eduardo Viana, se preparou para que o próximo ano seja bem mais tranqüilo do que o que está terminando. Nos bastidores, criou um um artifício para evitar que inimigos cheguem à presidência em caso de afastamento dele e garante: “Só paro quando a máquina dentro do meu peito não funcionar”.
Uma mudança no estatuto da Federação aprovada esse mês garante que Caixa d’Água possa indicar um substituto permanente caso ele se ausente da presidência, garantindo a perpetuação do comando.
O dirigente ficou de outubro de 2004 a agosto deste ano afastado, acusado de desviar verba de rendas de jogos no Maracanã. Em seu lugar ficou Rubens Lopes, ex-aliado e agora um dos maiores inimigos. Decepcionado por ver um foco insurreição dentro do grupo que considerava estar do seu lado, ele mudou o estatuto, com aprovação da Assembléia Geral.
Agora, caso ele se afaste por qualquer motivo, inclusive judicial, quem assume é Hildo Nejar, vice de futebol amador. “Confiar em alguém sempre dá, mas nesses que me traíram, nunca mais. Tem vice-presidente hoje aqui que nunca mais entra em chapa minha. Não fala comigo e não tem mais função. Eles estão aqui, mas não são nada. Mas vou respeitar o mandato deles, não vou fazer heróis aqui dentro”, disse Viana, que recontratou alguns dos profissionais afastados por Rubens Lopes para exercer funções desses “funcionários-fantasma”.
A medida serve para o dirigente se resguardar, mas isso não significa que o processo que ainda corre na 37ª Vara Criminal seja motivo de preocupação. Advogado, Eduardo Viana conhece suficientemente as leis – e sua morosidade – para saber que corre poucos riscos. “Eu só seria impedido caso fosse condenado na decisão final. Mas até lá, há tantas estâncias antes que não há como ser julgado antes do fim do mandato, em janeiro de 2008. No novo mandato esse processo seria extinto” afirmou.
Recuperado e um transplante de rim, o presidente da Federação garante que ainda tem fôlego para a função. Em uma auto-avaliação, admite que errou em alguns momentos, embora o “Caixão 2002” não esteja entre eles. “Naquele campeonato eu salvei os estaduais no Brasil inteiro. Usei a força – ou participava ou eu desfiliava – e não me arrependo”, completou.
Nossas instituições são o reflexo do comportamento de boa parte da sociedade. São casos como esse que tornam nosso futebol um negócio de fundo de quintal. Eu conhecia a profissionalização do jeitinho, agora conhecemos a perpetuação da picaretagem e da ladroagem.
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