18 de março de 2006

Co-irmã, ainda desconhecida pura.


Sabores destilados
Antes conhecida pela ausência de aromas e gostos específicos, a vodca agora ganha reforço inconfundível de laranja, limão, pêssego, anis e pimenta. Saiba mais sobre as "flavored vodcas"!
Por Marcela Besson


Respire fundo, prepare as papilas gustativas e proteja o fígado. O vapor alcoólico da vodca, bem como o seu gosto de "fogo", já não são mais os mesmos dos tempos remotos dos czares russos, quando a bebida atingiu o auge do consumo. Se antes ele era conhecido pela pureza de seus ingredientes e pela ausência de aromas e sabores, agora o destilado ganha status no setor premium com as chamadas flavored vodcas.
Acabada de sair da destilaria, a nova Absolut Apeach reforça essa tendência. A garrafa ganha texturas em cores semelhantes a do pêssego. O líquido tem aroma de pêssego e o gosto... bem, não precisa nem dizer! "Eu estou entusiasmado com o fato de termos conseguido desenvolver uma vodca com personalidade tão unicamente suave e sensual", revela Michael Persson, diretor da marca sueca.

Embora já disseminada em larga escala em bares, casas noturnas e lojas especializadas, as vodcas com sabor conformam um passado muito recente em solo tupiniquim. Elas chegaram por aqui a partir de 2000 e inauguraram no Brasil um costume que já vinha há tempos ganhando fôlego em países da Europa e nos Estados Unidos. Por aqui, a marca russa Smirnoff foi a primeira a lançar uma linha exclusiva de vodcas saborizadas com limão, laranja e frutas vermelhas. Não demorou muito para que esses diferentes gostinhos conquistassem o paladar brasileiro e fossem misturados aos coquetéis e drinques. Como era de se esperar, o público jovem lidera entre os novos adeptos da moda que, inspirada na onda dos refrigerantes e chicletes, também seduz pelos efeitos aromatizantes.
Para quem fazia careta só de chegar perto de um copinho de vodca - entorpecido com o aroma marcante de álcool - agora pode variar o olfato. Não que o teor alcoólico tenha sumido (longe disso!). As vodcas continuam com a mesma média de 40ºC (algumas chegam a 80% na concentração de álcool), mas o aroma ganhou princípios aromatizantes referentes aos sabores. Bons exemplos vêm da também russa Stolnaya, marca que entrou no mercado brasileiro no ano passado. Para não ficar de fora, a grife criou uma fábrica no Brasil e produz, desde então, quatro rótulos do gênero: Lemon (com limão), Berry (adocicada e de teor alcoólico mais baixo, com sabor de frutas vermelhas, limão e laranja), Especial (com extrato de pão, mel e baunilha) e a curiosa Pepper (com vários tipos de pimenta).
"O segmento de vodcas de sabores continua a crescer, especialmente nos Estados Unidos - porém, a tendência é global", avalia Andréas Berggren, vice-presidente internacional da Absolut Vodka. Segundo ele, embora seja um ramo pouco desenvolvido, as vodcas com sabor têm aberto caminhos expressivos nos mercados internacionais.

A "família" Absolut, de origem sueca, participa dessa evolução com boas doses de sabores variados. Desde 1988, quando a marca lançou a Absolut Citron, outros rótulos surgiram seguindo a mesma referência. Vieram a Peppar (com sabores picantes de pimenta), a agridoce Kurant (elaborada com groselha-negra e cassis), a Mandrin (feita com tangerina e laranja), a Vanilla (baunilha natural com traços de caramelo e chocolate) e ainda a Raspberri (que tem o sabor intenso e selvagem de framboesa), além do recente lançamento sabor pêssego.

Gosto refinado
Traduzindo do russo para o português, vodca é o mesmo que "água pequena" - ou "aguinha", na linguagem popular. Enquanto russos e poloneses disputam até hoje o papel de criador da bebida, ela evolui e ganha novo status mesmo depois de velha. Como consta na obra Uma História da Vodca, do polonês W. V. Polkhlióbkin (Ática, 1995), a partir de 1970, o mundo alcoólico viu nascer rótulos sofisticados marcados pela pureza de seus líquidos, as chamadas vodcas premium.
Na prática, qualquer produto agrícola pode servir de ingrediente para compor a vodca, desde cereais e grãos como centeio, trigo, aveia e cevada até beterraba e batata. Em geral, o processo de produção inclui até três etapas de destilação. No caso das garrafas premium, esse número é ultrapassado em até cinco vezes, o que, segundo os fabricantes, garante a qualidade dos rótulos. Macias e puras, essas vodcas são feitas em alambiques de cobre que destilam lentamente os grãos de trigo. Nas bebidas com sabor, o extrato das frutas e das especiarias passa a fazer parte do processo. Tudo termina com os sistemas de filtragem.
No pelotão de elite estão a sueca Absolut e as polonesas Wyborowa e Belvedere. Esta última é feita com 100% de centeio dourado e elaborada segundo uma tradição de 500 anos. Para correr atrás da moda, a Belvedere também lançou versões saborizadas: Cytrus (limões) e Pomarancza (mandarinas espanholas e laranjas do Marrocos).

Degustação passo-a-passo
Coloque a vodca em um pequeno copo e deixe alguns minutos até que o líquido fique em temperatura ambiente.
Primeiro, cheire a vodca. Perceba se o álcool sobe rapidamente, queima e faz arder nariz e olhos ou se o cheiro é apenas forte, mas agradável.
Depois beba um pequeno gole e espalhe a vodca na frente da boca. Em seguida, na parte de trás e, finalmente, engula. Sinta se a bebida queima as papilas gustativas ou somente as revigora.
Respire fundo imediatamente antes de engolir e sinta como o vapor alcoólico chega à garganta. Novamente, perceba se é uma sensação de ardência ou uma queimação agradável.
Aprecie a pós-degustação. Há alguma sensação residual? Com algumas vodcas é possível detectar sabores de alcaçuz ou de anis no fundo da boca. Este é um sinal de que você bebeu uma vodca destilada de grãos.

Fonte: Clube da Vodca

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