5 de março de 2006

Villa-Lobos

Heitor Villa Lobos
Compositor. Maestro. Violoncelista.
5/3/1887 Rio de Janeiro, RJ
17/11/1959 Rio de Janeiro, RJ

Filho de Raul Villa-Lobos, músico amador e autor de livros didáticos, e Noêmia Umbelina Santos Monteiro. Nasceu numa casa na rua Ipiranga, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro e teve sete irmãos. Seu avô materno foi boêmio e gostava de freqüentar festas na companhia de músicos populares. Segundo C. Paula Barros, o avô (Santos Monteiro) chegou a compor uma quadrilha, intitulada "Quadrilha das Moças". Na infância, Villa-Lobos era tratado pelo apelido de Tuhu. No ano da morte de seu pai, em 1899, escreve, aos 12 anos, a cançoneta "Os sedutores". Aos 16 anos, morando então com uma tia, começa a travar contato com os chorões, como se chamavam os músicos que tocavam choro (ou chorinho). Tornou-se companheiro de Eduardo das Neves, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros e Catulo da Paixão Cearense. O interesse pelo choro faria com que desenvolvesse uma significativa parte de sua obra valorizando o violão. Em 1905, faz sua primeira viagem ao Nordeste e recolhe canções folclóricas. Torna-se aluno, no Rio de Janeiro, de Francisco Braga, Frederico Nascimento e Agnello França. Em 1910 é contratado como violoncelista de uma companhia de operetas e começa a compor mais intensamente. Três anos depois casa-se com a pianista Lucilia Guimarães. Em 1915, acontece a primeira audição pública de suas obras, em Friburgo, no Estado do Rio de Janeiro. Em 1922, participa, no Teatro Municipal de São Paulo, da Semana de Arte Moderna, ao lado dos modernistas Mário e Oswald de Andrade. Em 1936, separa-se de Lucília para casar-se com Arminda Neves de Almeida, a Mindinha, com quem viveria até a morte, após uma carreira de sucesso no Brasil e no exterior. Dois anos antes de seu falecimento em decorrência de um tumor maligno, seus 70 anos de idade foram saudados num editorial no The New York Times. É geralmente considerado o maior compositor do Brasil, do ponto de vista internacional.

Entre suas obras mais conhecidas pelo grande público está "O trenzinho do Caipira", último movimento da Bachianas Brasileiras nº 2, composta em 1930, e que recebeu letra do poeta Ferreira Gullar, em 1975, como parte de seu famoso "Poema Sujo". Essa canção foi primeiramente gravada com letra por Edu Lobo, no final da década de 1970. A cantilena da Bachianas nº 5 é talvez a música mais conhecida e executada de Villa-Lobos, principalmente depois do sucesso do filme "Deus e o Diabo na Terra do Sol", escrito e dirigido por Glauber Rocha em 1964. A seqüência em que os personagens vividos pelos atores Othon Bastos e Yoná Magalhães beijam-se em pleno sertão, ao som da cantilena regida pelo próprio Villa-Lobos, na gravação da Orchestre National de la Radiodiffusion Française, com solo vocal do soprano Victoria de Los Angeles e acompanhamento de oito violoncelos, tornou-se um dos marcos do Cinema Novo. A Bachianas Brasileiras nº 5, cujo segundo movimento recebeu letra do poeta Manuel Bandeira, mereceu as mais diversas interpretações de músicos eruditos e populares e foi incluída pelo intrumentista e compositor Egberto Gismonti no seu disco inteiramente dedicado a uma releitura da obra de Villa-Lobos, "Trem Caipira", lançado em meados da década de 1980.

Desde 1960, o acervo de Villa-Lobos é resguardado pelo Museu Villa-Lobos, criado por determinação do presidente Juscelino Kubisthceky e que teve a viúva do compositor (Mindinha) como idealizadora e diretora até 1985. O museu se encontra atualmente num casarão do século XIX tombado pelo Patrimônio Histórico, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. O endereço do Museu Villa-Lobos na internet é: www.museuvilla-lobos.org.br. O livro biográfico de Vasco Mariz, intitulado "Villa-Lobos, compositor brasileiro", já teve onze edições das quais duas em inglês, uma em francês, uma em russo, uma em espanhol e e uma em italiano. Villa-Lobos já mereceu em torno de 70 livros dedicados a sua obra, tanto no Brasil, quanto no exterior.