29 de março de 2006

Mais um exemplo de que temos solução... Vamos divulgar.

Copiado literalmente do blog MOSCA NA SOPA - Crônica, Jornalismo e Opinião do Roberto Andrade. Vale a pena visitar (link ao lado ou clicando aqui).



Quarta-feira, Março 29, 2006

Extra! Extra! Extra!

QUE MARAVILHA O BOM JORNALISMO !

"Jornalismo é a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter." Cláudio Abramo (1923-1987)

"Luiz Claudio Cunha faz parte dos seleto clube dos grandes jornalistas brasileiros. É um cara íntegro, correto, bom profissional, que já enfrentou mundos e fundos em nome do bom jornalismo. Conheci seu trabalho em 1978. Eu, muito jovem, entrando na Faculdade de Jornalismo em Porto Alegre. Ele, repórter da Revista Veja, investigando junto com o colega João Batista Scalco o sequestro por policiais brasileiros do casal de uruguaios Universindo Diaz e Lilian Celiberti.

Este caso virou ícone dos tempos perversos em que governos militares do Brasil, Uruguai, Argentina e demais países latino-americanos se associavam no crime e no castigo, sem limites ou barreiras. Cabia aos bons jornalistas defenderem o que restava da cidadania. Sobre este tema recomendo assistir -a quem conseguir uma das raras cópias existentes- ao belo e comovente documentário Cone Sul, dos jornalistas e cineastas João Guilherme Reis e Enio Staub, por quem privo enorme carinho e respeito.

A necessidade deste preâmbulo se argumenta em função da relevância profissional das pessoas que citei. Voltemos ao fato. Luiz Claudio Cunha era até a última sexta-feira editor de Política da sucursal de Brasília da Revista ISTOÉ. Fez um minucioso e eficiente trabalho de investigação sobre o rumoroso caso do caseiro Francenildo, envolvendo o ministro Palocci, seus assessores atuais e os deserdados de Ribeirão Preto.

O veterano repórter da Isto É terminou seu trabalho na noite da quinta-feira, dia 23, certo que tinha em mãos a história completa. Já sabia e havia transcrito com precisão no conteúdo de sua reportagem os principais movimentos e personagens do "caso Francenildo". Citava claramente o ministro Palocci como provável mentor de toda operação, bem como informava que a cópia do extrato de Francenildo caíra nas mãos da imprensa distribuída pelo assessor de comunicação do ministro, jornalista Marcelo Netto.

Para surpresa de Luiz Cláudio Cunha, 55 anos de vida, 37 de jornalismo, o texto final, editado em São Paulo por Carlos José Marques, diretor-editorial da IstoÉ, não citava em nenhum momento o nome do ministro Antônio Palocci e omitiu completamente as informações repassadas sobre o "trabalho" feito pelo assessor de imprensa Marcelo Netto, então suspeito de responsabilidade no crime (hoje confirmado).

Ao saber do teor do que seria publicado, Luiz Claudio Cunha, Editor de Política da "Isto É" em Brasília, recusou-se a assinar a matéria. E preparou um carta aberta a Carlos José Marques, seu "chefe" em São Paulo, que decidira adaptar o texto do repórter a conveniências pessoais ou empresariais, o que ainda não está claro.

A carta de Cunha foi aberta por que estava endereçada ao mesmo tempo para Domingo Alzugaray, manda-chuvas da Editora Três, dona da "Isto É", e Alberto Dines, um dos mais respeitados jornalistas brasileiros, editor do excelente Observatório da Imprensa, o mais qualificado espaço de debates sobre o jornalismo na Internet. E fora dela também.
Eu, do alto dos meus 24 anos de múltiplas atividades em rádio, tv e jornal, já vi coisas muito bem escritas. Mas esta carta de Luiz Cláudio Cunha endereçada ao dono e ao editor-chefe da revista para a qual trabalhava é um documento histórico no jornalismo brasileiro. Poucas vezes uma única pessoas falou tantas verdades ao mesmo tempo.

Recomendo aos mestres que tanto lutam para educar seus jovens e dispersos alunos nas centenas de faculdades de Jornalismo que pipocam pelo Brasil, que leiam este texto em sala de aula. A carta é, também, muito adequada às redações de todo País, imersas em inexplicável catatonia corporativa travestida de sabe-se lá que projetos e ideais, quase todos personalistas e vazios."

CARTA AO CHEFE
por Luiz Claudio Cunha









- ROBERTO ANDRADE, 12:05 AM

2 comentários:

Kafé Roceiro disse...

Porreta!
abraço,
Kafé.

Anônimo disse...

Marques, passe no BOB... essa está demorando a descer.

Bjsss