11 de março de 2006

Pará tem 300 falsos dentistas

É o que aponta pesquisa do Conselho Regional de Odontologia. Mas convênio vai garantir fiscalização mais rigorosa no Pará e Amapá, onde a situação é grave.
Cléo Soares-ORM

Em levantamento do Conselho Regional de Odontologia (CRO) no Pará aponta que há quase 300 pessoas inabilitadas no exercício ilegal das atividades ligadas à Odontologia em todo o Estado. Em percentuais, esse número equivale a 11,4% do número de profissionais formados - graduados em Odontologia e registrados no CRO do Pará, que é de 1.640 profissionais. O problema é mais grave em municípios distantes de Belém e nas divisas do Pará com outros Estados amazônicos. Para intensificar a fiscalização nessas áreas, os CROs do Pará e do Amapá vão firmar convênio para combater os falsos cirurgiões dentistas que estiverem atuando na divisa entre os dois Estados. A decisão foi tomada ontem, no primeiro dia de reunião dos presidentes dos CROs da região Norte, no hotel 'Beira Rio', em Belém. Do encontro também deve sair a minuta do projeto de lei que irá regulamentar as atividades dos auxiliares de consultório dentário e técnicos de higiene bucal.
O presidente do Conselho Federal de Odontologia, Miguel Santiago Nobre, chegou na tarde de ontem a Belém. Ele acompanhou os debates e os números mostrados. Na atuação irregular dos chamados dentistas 'práticos', por exemplo, três pessoas morreram, vítimas de infecção generalizada após consulta com falso cirurgião dentista. As mortes ocorreram nos últimos 18 meses nos municípios de Paragominas, Terra Alta e Abaetetuba. As vítimas eram uma mulher adulta, uma criança e um adolescente. 'São essas situações que precisamos combater, porque além do risco de morte, os pacientes atendidos nessas condições estão sujeitos a riscos de mutilações e contágio por diversas doenças infecto-contagiosas', ressaltou Mário Moreira, presidente do CRO do Pará.


Ausência do poder público incentiva ação criminosa

Os conselheiros de Odontologia tratam o exercício ilegal da profissão como uma questão histórica que está associada inclusive à falta de assistência odontológica das populações por parte do poder público, que, segundo Mário Moreira, presidente do Conselho Regional de Odontologia (CRO) do Pará, ainda não dispensou à Odontologia 'um tratamento especial', incluindo os programas de saúde bucal em todas as unidades municipais de saúde e no programa Saúde da Família. Segundo Moreira, apesar dos pequenos avanços contidos no programa 'Brasil Sorridente', do governo federal, ele ainda está longe de chegar à toda a população carente.
No caso dos chamados protéticos, embora ainda sejam confundidos com os chamados dentistas práticos, há uma diferença, por se tratar de profissionais que devem atuar exclusivamente a serviço do cirurgião dentista. Todo o trabalho do protético deve ser feito sobre um modelo fornecido pelo cirurgião dentista, que deve ser o responsável pelo atendimento do paciente.


Me faz lembrar que ainda vai continuar a existir situações como a da comadre da minha madrinha que ficou envergonhada quando meu filho falou que quando crescer queria também ter dentes que pudessem ser escovados na mão.

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