Tenho um carinho especial por Madureira. Na minha infância fui lá muitas vezes com minha mãe para visitar parentes e fazer compras. Sim, Madureira é talvez o principal Centro Comercial do suburbio do Rio, tem mais faculdades e assistência médica que a maioria dos municípios brasileiros.
Tem a Portela, Tradição e Império Serrano na elite das Escolas de Samba e tem o Madureira Esporte Clube.
O estádio , chamadao de Aniceto Moscoso, tem capacidade para 10.000 espectadores e é um verdadeiro alçapão, os grandes sempre penam quando jogam lá.
Minha homenagem ao sucesso do Madura, Campeão merecido da Taça Rio, finalista com o meu Botafogo, Campeão merecido da Taça Guanabara, do Campeonato Carioca.
Que vença o melhor (claro que é o Fogão!).
Um pouco da história de Madureira, o melhor futebol, samba e amor no Subúrbio do Rio...
"Desde a colonização do Rio de Janeiro até meados do século XIX, toda essa região que compreende os treze bairros da XVª.RA não passava de um conjunto de pedaços de grandes fazendas, dentre as quais se destacava a Fazenda do Campinho, um dos primeiros núcleos de ocupação desse território.
Em sua imediação passava a primeira grande artéria de ligação do centro com a baixada: a longa Estrada Real de Santa Cruz, que compreendia, parcialmente, as atuais Av. Suburbana, Ernani Cardoso e a Estrada Intendente Magalhães. A rua do Campinho, também parte da atual Ernani Cardoso, era a principal via do lugarejo. Por ela se fazia a entrada do local, também chamado de Campinho, cujo nome permanece no bairro vizinho, nas imediações de Madureira. Nessa rua começou a desenvolver-se o núcleo urbano, que até o final do século XVIII tinha características rurais pois além da Fazenda do Campinho, existia também naquelas terras o Engenho do Portela, considerado pelos historiadores o mais antigo marco documentado de toda aquela região.
Embora a história desses bairros começassee com o início dessa colonização, ainda século XVII, foi só a partir do século XIX em diante que pessoas e fatos deram início aos principais capítulos que determinariam o seu destino. Foi nesse período que por ali surgiu a figura de Lourenço Madureira, um simples boiadeiro que recebeu por arrendamento uma determinada área da Fazenda do Campinho, e, mais tarde, se popularizou pela vitória na ação da disputa que lhe impôs a viúva do Capitão Francisco Inácio Couto, Dona Rosa dos Santos. Ao falecer o Capitão Couto, Dona Rosa fez doações de terras da fazenda e o inventariante Domingos Lopes recebeu parte delas. Com o passar do tempo outras fazendas foram se dividindo e subdividindo até se transformarem em chácaras. A medida que dividia-se a terra multiplicavam-se os homens e assim, surgia a sociedade local.
Em 1858, a Estrada de Ferro Central do Brasil inaugurou o primeiro trecho de sua linha férrea que ligava a Estação de D. Pedro II até pouco mais de 15 quilômetros do seu ponto final, o trecho suburbano que chegava somente a Estação de Cascadura, onde, através de um desvio, a linha conduzia à Fábrica de Artigos Pirotécnicos do Exército, em cujo as instalações hoje se aloja o 15º RC MEC, no atual largo do Campinho. Mais tarde a fábrica mudou de endereço e em seu lugar surgiram moradias de pequenos proprietários agrícolas. Da antiga "estação laboratório", como era então conhecida a parada da fábrica do exército, em 1896, com o progresso da localidade, a pequena parada foi elevada à categoria de Estação e indicada para designá-la, o nome de Domingos Lopes que, com sua grandeza preferiu abdicar da homenagem em favor do nome de Lourenço Madureira, para que sempre fosse lembrado o nome do grande pioneiro e incentivador da região.
Mais tarde Domingos Lopes e sua esposa, Clara Simões, ficariam eternizados ao virar nomes de duas das principais ruas do futuro bairro de Madureira. Dona Clara, ainda, por sua vez, entraria para história local, pois foi na sua chácara que se ergueu a Estação D. Clara para permitir o retorno dos trens suburbanos. A chegada do trem deu grande impulso a Cascadura. Até o início do século XX ela foi a mais importante Estação da linha suburbana. Em ambos os lados da linha férrea, próximos a Estação, o comércio se instalou e teve um desenvolvimento promissor. Depois, ao tronco ferroviário suburbano veio se juntar a Linha Auxiliar a percorrer a outra parte da região. Só em 1890 é que foi estendido os trechos da ferrovia até a Estação de Madureira, hoje conhecida como Estação de Magno, posteriormente, viriam outras estações, dando continuidade ao prolongamento da ferrovia que se estendia pelos subúrbios da central.
Em 1928 a Light adquiriu a concessão da linha e quando, em 1937, os bondes puxados por tração animal foram substituídos pelos modernos bondes elétricos, o transporte ferroviário ficou mais rápido, permitindo que muitos desses bairros prosperassem imediatamente. Foram do bairro de Madureira os últimos bondes puxados a burro a desaparecerem da cidade do Rio de Janeiro.
Assim, Madureira e seus bairros adjacentes davam seus primeiros passos na escalada ao progresso, e quando chegou o a época dos ônibus, veio Mário Bianchi e montou seu império através da sua popular Viação Suburbana. Os ônibus eram necessários para a comunicação dos bairros que se expandiam em todas as direções. A medida que a região prosperava eram abertas novas ruas e avenidas. Entre as vias mais antigas da Região, consta-se as já citadas Av. Suburbana, Ernani Cardoso e a Estrada intendente Magalhães. A Av. Suburbana com seus quase 10 quilômetros de extensão, quando implantada, passou a ser a grande via de acesso desses bairros rumo ao centro da cidade. A excelente malha viária permitia um fácil fluxo de trânsito e, na década de 60, o Viaduto Negrão de Lima, o maior do município em volume de extensão, com suas três longas pistas interligando as áreas de D. Clara, Portela e Magno, viria fazer a integração de suas principais artérias. Nesse aspecto, vale ressaltar também a importância da Avenida dos Italianos e do Viaduto Monsenhor Carlos Fernandes que liga os bairro de Turiaçu e Rocha Miranda.
Não demorou muito para que o comércio se tornasse a principal atividade da região com destaque para o antigo e tradicional Grande Mercado de Madureira, o popular "Mercadão". Situado em pleno centro comercial de Madureira, o "Mercadão" surgiu na década de 30 em terreno onde hoje se encontra a quadra do Império Serrano. Possui o mais variado comércio com aproximadamente 650 lojas em suas 12 galerias e é considerado o fator da implantação do comércio local. Ao lado do Mercadão desenvolveu-se todo tipo de atividade comercial que, expandindo-se, viria a tornar-se na maior característica do bairro. Principalmente por sua privilegiada localização, Madureira é, por vocação, um fenômeno comercial, transformando suas ruas e passarelas num imenso shopping a céu aberto. Hoje, com suas mais de três mil lojas, o bairro apresenta a maior concentração comercial do Rio de Janeiro, o que o coloca em terceiro lugar na arrecadação de ICMS do município. Além das lojas, possuí também galerias comerciais famosas como a São Luiz e os mini-shoppings Polo I e Tem tudo. Encontra-se ainda no bairro o maior Shopping Center da cidade, o Madureira Shopping Rio. Com seus quase 15 anos de existência, tem hoje cerca de 212 lojas distribuídas em três pavimentos. Mais de um milhão de pessoas circulam anualmente pelos seus corredores e no período natalino esta freqüência tende sempre a dobrar.
No setor industrial, que não é o forte da região, destaca-se uma fábrica de porte detentora de uma das mais famosas marcas de biscoitos, a Piraquê. Responsável por uma característica bastante peculiar de um bom pedaço da região aonde ela está instalada, a fábrica, costuma exalar um delicioso aroma adocicado no ar capaz de abrir o apetite de qualquer um.
Com relação as atividades prestadoras de serviço, a região é bem servida de escolas, faculdades, cursos e colégios, sendo alguns estabelecimentos dos mais tradicionais do Rio de Janeiro como o Colégio Santa Mônica, a Escola Normal Carmela Dutra e a Universidade Estácio de Sá em Madureira, assim como os colégios Salesiano, em Rocha Miranda e José Acciolli, em Marechal Hermes. Há ainda Escolas Técnicas importantes como a Escola Técnica Estadual Visconde de Mauá, também localizada em Mal. Hermes, e a Fundação Técnica Educacional Souza Marques, em Cascadura.
Na área da saúde possui renomados hospitais públicos e particulares como o Hospital Nossa Senhora das Dores, em Cascadura, que no início do século XIX teve suma importância no tratamento especializado para tuberculosos. Também encontra-se em Cascadura o Hospital de Clínicas Brasil-Portugal, atual N.S. Aparecida. Do outro lado, temos, em Mal. Hermes, o famoso Hospital Carlos Chagas seguido da Maternidade Alexandre Fleming, que já foi premiada pelo UNICEF como uma das melhores do município, e o não menos importante, Hospital Carmela Dutra, em Rocha Miranda. Há destaque ainda para a Clínica Neurológica Dr. Carlos Bacelar, uma clínica particular situada em Madureira.
No setor da segurança, esta vasta região conta com 4 DPs: - 28º - Campinho, 29º - Madureira, 30º - Marechal Hermes e a 40º em Honório Gurgel e é muito conhecida também por ter unidades militares famosas: o 8º GBM - Comando de Bombeiros da Área Metropolitana, em Campinho, e as unidades da Polícia Militar como o 9º BPM de Rocha Miranda e o 3º BPM do Méier, que apesar de estar fora da região responde pelos bairros de Quintino e Cavalcanti. Nela também se encontra o histórico 15º RC.MEC (Exército) de Madureira, e, em Mal. Hermes, o DCI - Depósito Central de Intendência da Aeronáutica, a Base Aérea dos Afonsos e o respeitável Museu Aeroespacial, que está classificado entre os 10 melhores museus de aeronáutica do mundo.
Sendo um excelente celeiro para os políticos mais bem votados, a crescente região possui 9 Zonas Eleitorais que compreendem uma população residente estimada em cerca de 373.110 habitantes distribuídos numa área atual de 3.078,3 Km2, colocando-se em 5º lugar entre as regiões mais populosas do município.
Quando se fala em lazer, a região registra, principalmente, no passado de Madureira, uma época em que o teatro era bem mais popular. Foi lá que se instalou, na rua Carolina Machado, o primeiro grupo fixo de artistas profissionais de teatro em toda a área suburbana, sob o comando de Zaquia Jorge, a "Vedete-estrela do Subúrbio", cuja eternidade foi conquistada através do famoso samba "Madureira Chorou..." e, também, por ter sido o tema-enredo do Império Serrano no carnaval de 1975.
Na atualidade, o lazer se faz presente em cada esquina da região que é repleta de boates e bares famosos como o Amarelinho de Cascadura e o Tem Tudo de Madureira, e por clubes tradicionais no estilo do Clube dos Suboficiais e Sargentos da Aeronáutica, o popular "Sargento" do bairro de Cascadura. Para os que buscam uma diversão bem mais sensual, é fácil encontrar motéis luxuosos a disposição, concorrentes a altura do Carícia, em Madureira, o motel mais freqüentado da região suburbana do Rio.
Se formos falar do que é motivo de orgulho e paixão para os moradores locais, e das coisas que representam verdadeiros patrimônios para esta vasta comunidade, temos de começar falando da famosa Capela de São José da Pedra. A igreja, com uma vista panorâmica de Madureira e adjacências foi construída em 1901 por mãos escravas da antiga Fazendas do Campinho ou do Engenho do Portela, tornando-se uma das primeiras Igrejas dessa região, mas somente em 1978 é que lhe foi acrescentada uma escadaria para facilitar o acesso dos fiéis a capela, tendo esta 336 degraus, um a mais que a escadaria da Penha. A branca capela rústica é chamada de São José da Pedra por existir ao seu lado uma grande pedra que sobrepõem-se a outra menor, formando uma gruta. O culto a São José em sua capela tem origens em histórias de caçador, milagres e outros fatos entre o real e o imaginário. Também localiza-se em Madureira, a Igreja de São Luiz Gonzaga, matriz do bairro desde 1915, que teve por seu construtor o Padre Manso, seu primeiro vigário, hoje homenageado com nome em uma das ruas mais movimentadas do bairro. Em Rocha Miranda, temos que citar a Paróquia de Santa Bárbara. Construída na década de 50, ela se destaca na paisagem do bairro pela beleza de sua arquitetura incomum, de forma triangular, formada por três triângulos sobrepostos repletos de vitrais.
Tombado pelo patrimônio histórico, temos o Coreto da Praça Quintino Bocaiúva, no bairro de mesmo nome e um outro exemplo disto é a beleza da Estação de Mal. Hermes, uma das mais belas construções arquitetônicas do Rio tombada pelo (DGPC) Departamento Geral de Patrimônio Cultural do Município do Rio de Janeiro. Inaugurada em 1912, durante o governo do então presidente Marechal Hermes da Fonseca, a obra foi influenciada pelo estilo inglês, característicos das estações ferroviárias daquele país. Vale ainda ressaltar que no aspecto histórico, deve-se a ela, também, o desenvolvimento desse bairro operário.
Podemos considerar também como verdadeiros patrimônios, a quantidade de gente bamba que nasceu nesse imenso pedaço de subúrbio onde se cultua religiosamente o samba e o carnaval. São tantos os astros e estrelas que de lá surgiram e alcançaram projeção nacional, particularmente na nossa MPB, que seria injusto cita-los porque a lista é imensa. Estrelas que brilham no céu, estrelas que reluzem na terra, que cantam e encantam, povoando nossos sonhos com suas eternas lembranças e canções.
A vocação e consagração de Madureira como Centro Comercial não excluiu as manifestações locais de cultura popular. Ao contrário, a estas se deve muito da projeção do bairro em nível nacional e internacional. Muito antes das Escolas de Samba, nas quais Madureira foi Pioneira, o futebol teve no Madureira Esporte Clube seus dias de glória e um passado histórico honrado desde 1914 com o Fidalgo Futebol Clube e o Magno, que se fundiram em 1933 dando origem ao Madureira. Vice-campeão da cidade por diversas vezes, tornou-se motivo de orgulho não só para os moradores do bairro como para toda a vizinhança dessa área do subúrbio.
Se no passado havia motivo de orgulho com o futebol, no samba, esta região se excedeu por ter trazido à luz, três das Escolas de Samba que se encontram no Grupo Especial, transformando-se no império máximo do samba pois são de Madureira a Portela e o Império Serrano e de Campinho a Tradição. A Escola de Samba Portela, nasceu do bloco "vai como pode" em 1923. Foi ela quem introduziu nos desfiles as alegorias, em 1929, e o samba-enredo, em 1931 e também outras inovações de bateria e vários passos que foram incorporados por outras escolas. A "azul e branca" de Madureira, é a escola que possui mais títulos de campeã dos desfiles sendo que nos anos de 1941 a 1947, obteve 7 títulos consecutivos voltando a ser campeã em 53, quadricampeã de 57 a 60, campeã em 62,64,66 e 70 e dividindo o primeiro lugar em 1980 e 1984. A Império Serrano, nas cores verde e branco, foi fundada em março de 1947 por um grupo dissidente da extinta Escola de Samba "Prazer da Serrinha", sendo campeã logo nos quatro primeiros anos em que participou dos desfiles de 1948 a 1951, voltando a ser campeã em 55,56,72 e em 82 com o antológico desfile "Bum Bum Paticumbum Prugurundum". Uma de suas característica é o uso da frigideira, dos pratos metálicos e dos agogôs usados em sua bateria. A Tradição foi fundada a partir de uma dissidência da Portela em 1984 por Nésio Nascimento filho do legendário Natal da Portela. Mais de mil componentes da antiga escola colaboraram para que num espaço de tempo relâmpago ela chegasse ao Grupo Especial onde, apôs algumas decidas, tem se mantido com destaque pela beleza dos seus desfiles. Os ensaios das Escolas de Samba de Madureira e Campinho são concorridos atraindo um grande público de diversas regiões e vários turistas. Mas encontram-se também nesta região as não menos importantes co-irmãs, pertencentes aos grupos da Associação da Escolas De Samba do Rio de Janeiro, que detém também um passado de glórias em suas histórias, principalmente como redutos de resistência da cultura popular afro-brasileira. São elas: a Em Cima da Hora, no bairro de Cavalcanti, a União de Jacarepaguá, no Campinho e o Arrastão de Cascadura e a União de Vaz Lobo, nos bairros respectivamente de mesmo nome."
4 comentários:
Olá, quero parabenizá-lo pelo texto sobre Madureira, ficou muito bom, e retrata o seu carinho por este bairro maravilhoso. Só senti falta de alguns elementos importantes patrimonios culturais como o Jongo da serrinha, o bloco afro Agbara Dudu, o antigo cine show Madureira, a antiga feira de artesanato, o SESC Madureira. Abraços! Denise.
Olá, adorei seu texto e queria muito marcar com vc para estar fazendo uma entrevista sobre o bairro de madureira ... sou aluna de audiovisual e estamos fechando um documentário sobre o bairro de Madureira e creio que seu depoimento será muito importante para o nosso trabalho, contamos com você
Meu nome é Joana - Jo Cardozo
meu e-mail: jo_cine_roteirista@oi.com.br
Meu cel: 82021145
Muito Obrigada!
realmente madureira tem umna históriA rica de detalhes. adoro madureira.nasci no bairro mas não fui criado. mas cheguei a morar 1 ano depois de adulto. viva madureira
Luiz Carlos, adorei o seu texto sobre a minha querida Madura. Só senti falta dos antigos cinemas. Valeu! Madureira é tudo de bom! Luisa.
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