A procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré em Belém do Pará é uma das maiores manifestações de fé do mundo católico. Uma pequena imagem da Virgem de Nazaré é transportada da Catedral de Belém para a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré. Um trajeto de aproximadamente 4 quilômetros que percorre as principais ruas da cidade. Por onde passa, a Santa é homenageada com a queima de milhares de fogos de artifício. Junto com a Santa vai um cortejo de centenas de milhares de pessoas.
Nas ruas outra multidão se acotovela para ver a berlinda com a Santa passar. Mais de um milhão de pessoas unidas pela fé na Virgem. Esse fenômeno se repete há duzentos e treze anos - uma demonstração do fervor religioso de um povo. Mais que isso - uma demonstração da cultura de um povo. O Círio de Nazaré mobiliza durante meses a população de Belém, do pará e do Brasil. Tem gente que vem de longe para paraticipar da festa.
O Círio não é só uma procissão - é uma festa que dura quinze dias e que para muitos paraenses tem mais ou tanta importância quanto o Natal. Na semana que antecede o Círio os romeiros vão chegando a Belém. De barco, canoa, navio, carro, ônibus e avião. Muitos trazem consigo os ingredientes para o almoço do domingo do Círio, todos à base de comidas típicas: pato, maniva, farinha d'água, jambu, tucupi - nomes exóticos que compõem o mais brasileiro dos banquetes. Banquete dos deuses - deuses indígenas da Amazônia.
A devoção a Nossa Senhora de Nazaré remonta ao início da colonização portuguesa. Em Belém, tomou uma dimensão maior no século XVIII, por intermédio de um caboclo de nome Plácido, que em sua própria casa fez um oratório em louvor à Virgem. A devoção de Plácido atraiu novos fiéis, histórias de milagres foram se sucedendo, as lendas foram surgindo e com a morte de Plácido foi erguida uma ermida - pequena capela - para a continuação do culto à Santa. O Governador da Província do Grão-Pará e Rio Negro na época, Dom Francisco de Souza Coutinho, rendeu-se à devoção do povo, e determinou a realização de grande festa com feira de produtos regionais nas imediações da capela. A imagem de Nossa Senhora de Nazaré seria transportada para o Palácio do Governo e de lá retornaria em grande procissão para sua casa. No dia 8 de setembro de 1793 acontecia a primeira procissão, com toda a pompa da época. Foi o primeiro Círio, que viria a se tornar um elemento marcante em toda a cultura paraense e da própria Amazônia.
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