18 de junho de 2006

Onde a tradição ainda é mantida

Se por um lado a grande maioria dos bares não conseguiu resistir ao tempo, outros se mantêm firmes e ainda conservam o status da época de glórias. O Adonis, de Benfica; a Casa Villarino, no Centro; e o Belmonte estão nessa lista. O primeiro foi fundado em 24 de junho de 1960, por Antero Alves da Silva, e funcionava como um escritório para os integrantes do Fundo de Quintal e, bem antes deles, do Bafo da Onça
— Era criança quando esse pessoal começou a freqüentar o bar. Cresci ouvindo samba — orgulha-se Joaquim Antero, de 51 anos, filho do fundador do Adonis, que atualmente comanda o bar.
Antero faz questão de dizer que ainda hoje o lugar é procurado por bambas como Beth Carvalho e Martinho da Villa. O segredo para a vida longa? Antero explica:
— É um bar tradicional, sem frescuras e onde o freguês é igual a mãe: sempre tem razão. Além disso, procurei acompanhar a modernidade, mas sem deixar para trás a atmosfera do botequim, que o carioca gosta.
O Villarino é um pouco mais velho que o Adonis, completou 53 anos no último dia 1, mas já tem lembranças para a eternidade. Foi naquele bar da Avenida Calógeras 6 que Tom Jobim foi apresentado a Vinicius de Moraes, há 50 anos, e montaram o espetáculo “Orfeu”.
O Belmonte não só resiste bravamente a 54 anos na Praia do Flamengo como já se firmou em outros cinco pontos da Zona Sul e da Lapa. A atmosfera do boteco carioca da matriz foi o filão percebido por Antonio Rodrigues, proprietário da rede. O balcão de mármore, o chope bem tirado e as cadeiras de madeira são elementos indispensáveis num bom boteco. Além do banheiro, que, se for limpo, está tudo certo, como diz Antonio.
— As pessoas freqüentam o Belmonte por causa do serviço e do ambiente aconchegante. Também é um lugar onde gasta-se de R$ 5 a R$ 200. Bares bonitos, que se preocupam só com a aparência, passarão. Mas o Belmonte vai ficar — afirma Antonio Rodrigues.

Extraído de O Globo Online