22 de junho de 2006

A quadrilha de São João

Dança de salão, aos pares, de origem francesa, e que no Brasil passou a ser dançada também ao ar livre, nas festas do mês de junho, em louvor a São João, Santo Antônio e São Pedro. Os participantes obedecem às marcas ditadas por um organizador de dança. O acompanhante tradicional das quadrilhas é a sanfona. Essa é a definição da quadrilha, dançada para agradecer as boas colheitas na roça.
A dança surgiu na França, no século 19. O nome vem do francês 'quadrilie', que significa companhia de soldados. Durante o Império, ela servia para abrir os bailes da corte. Com sua chegada ao Sertão, ganhou cores e se incorporou às festividades juninas, época de fartura devido à safra do milho. É comum ouvir durante as apresentações alguns termos franceses adaptados, como alavantur, anarriê, balancê, travessê.
Trajando roupas matutas e chapéu de palha - caracterizando as pessoas que moram na zona rural - os integrantes da quadrilha realizam movimentos alegres e, muitas vezes, irreverentes. O marcador é uma figura fundamental. É ele quem puxa os passos que devem ser executados por todos, de forma sincronizada.
Manifestação mais típica do São João, impossível. Seja tradicional ou estilizada, a quadrilha continua sendo o símbolo maior das festas juninas. Diferente das tradicionais, as quadrilhas estilizadas utilizam uma coreografia nas apresentações. Os passos são previamente ensaiados para determinada música. Nesse estilo, outras personagens aparecem, a exemplo de Lampião e Maria Bonita, o cigano, a espanhola, etc.
Se você quer aprender os passos de uma quadrilha tradicional, o
Portal ORM dá uma ajudinha! Leia os comandos a seguir e dance à vontade.

Os comandos mais utilizados são:
Balancê (balancer) - Balançar o corpo no ritmo da música, marcando o passo, sem sair do lugar. É usado como um grito de incentivo e é repetido quase todas as vezes que termina um passo.
Anavan (en avant) - Avante, caminhar balançando os braços.
Returnê (returner) - Voltar aos seus lugares.
Tur (tour) - Dar uma volta: Com a mão direita, o cavalheiro abraça a cintura da dama. Ela coloca o braço esquerdo no ombro dele e dão um giro completo para a direita.
Para acontecer a Dança é preciso seguir os seguintes passos:
01. Forma-se uma fileira de damas e outra de cavalheiros. Uma, diante da outra, separadas por uma distância de 2,5m. Cada cavalheiro fica exatamente em frente à sua dama. Começa a música. “Balance” é o primeiro comando.
02. Cumprimento às damas: Os cavalheiros, balançando o corpo, caminham até as damas e cada um cumprimenta a sua parceira, com mesura, quase se ajoelhando em frente a ela.
03. Cumprimento aos cavalheiros: As damas, balançando o corpo, caminham até aos cavalheiros e cada uma cumprimenta o seu parceiro, com mesura, levantando levemente a barra da saia.
04. Damas e Cavalheiros trocar de lado: Os cavalheiros dirigem-se para o centro. As damas fazem o mesmo. Com os braços levantados, giram pela direita e dirigem-se ao lado oposto. Os cavalheiros vão para o lugar antes ocupado pelas damas. E vice-versa,
05. Primeiras Marcas ao Centro: Antes do início da quadrilha, os pares são marcados pelo nº 1 ou 2. Ao comando 'Primeiras marcas ao centro, apenas os pares de vão ao centro, cumprimentam-se, voltam, os outros fazem o 'passo no lugar” . Estando no centro, ao ouvir o marcador pedir balanceio ou giro, executar com o par da fileira oposta. Ouvindo 'aos seus lugares” , os pares de nº 1 voltam à posição anterior. Ao comando de 'Segundas marcas ao centro” , os pares de nº 2 fazem o mesmo.
06. Grande passeio: As filas giram pela direita, se emendam em um grande círculo. Cada cavalheiro dá a mão direita a sua parceira. Os casais passeiam em um grande círculo, balançando os braços soltos para baixo, no ritmo da música.
07. Trocar de dama: Cavalheiros à frente, ao lado da dama seguinte. O comando é repetido até que cada cavalheiro tenha passado por todas as damas e retornado para a sua parceira.
08. Trocar de Cavalheiro: O mesmo procedimento. Cada dama vai passar por todos os cavalheiros até ficar ao lado do seu parceiro.
09. O túnel: Os casais, de mãos dados, vão andando em fila. Pára o casal da frente, levanta os braços, voltados para dentro, formando um arco. O segundo casal passa por baixo e levanta os braços em arco. O terceiro casal passa pelos dois e faz o mesmo. O procedimento se repete até que todos tenham passado pela ponte.
10. Anavantur: A dama e o cavalheiro dançam como no “tur”. Após uma volta, a dama passa a dançar com o cavalheiro da frente. O comando é repetido até que cada dama tenha dançado com todos os cavalheiros e alcançado o seu parceiro.
11. Caminho da Roça: Damas e cavalheiros formam uma só fila. Cada dama à frente do seu parceiro. Seguem na caminhada, braços livres, balançando. Fazem o balancê, andando sempre para a direita.
12. Olha a Cobra: Damas e cavalheiros, que estavam andando para a direita, voltam-se e caminham em sentido contrário, evitando o perigo. Vários comandos são usados para este passo: 'Olha a chuva” , 'Olha a inflação” , Olha o assalto , 'Olha o (cita-se o nome de um político impopular na região)”. A fileira deve ir deslizando como uma cobra pelo chão.
13. É mentira: Damas e cavalheiros voltam a caminhar para a direita. Já passou o perigo. Era alarme falso.
14. Caracol: Damas e cavalheiros estão em uma única fileira. Ao ouvir o comando, o primeiro da fila começa a enrolar a fileira, como um caracol.
15. Desviar: É a palavra-chave para que o guia procure executar o caracol ao contrário, até todos estarem, novamente, em linha reta.
16. A Grande Roda: A fila é única agora, saindo do caracol. Forma-se uma roda que se movimenta, sempre de mãos dadas, à direita e à esquerda, conforme for pedido. Neste passo, temos evoluções. Ouvindo 'duas rodas, damas para o centro”, as mulheres vão ao centro e dão as mãos. Na marcação 'duas rodas, cavalheiros para dentro” , acontece o inverso. As rodas obedecem ao comando, movimentando para a direita ou para esquerda. Se o pedido for 'damas à esquerda” e 'cavalheiros à direita”, ou vice-versa, uma roda se desloca em sentido contrário a outra, seguindo o comando.
17. Coroar damas: Volta-se à formação inicial das duas rodas, ficando as damas ao centro. Os cavalheiros, de mãos dados, erguem os braços sobre as cabeças das damas. Abaixam os braços, então, de mãos dadas, enlaçando as damas pela cintura. Nesta posição, se deslocam para o lado que o marcador pedir.
18. Coroar cavalheiros: Os cavalheiros erguem os braços e, ao abaixar, soltam as mãos. Passam a manter os braços balançando, junto ao corpo. São as damas agora, que erguem os braços, de mãos dadas, sobre a cabeça dos cavalheiros. Abaixam os braços, com as mãos dadas, enlaçando os cavalheiros pela cintura. Dessa forma, se deslocam para o lado que o marcador pedir.
19. Duas Rodas: As damas levantam os braços, abaixando em seguida. Continuam de mãos dados, sem enlaçar os cavalheiros, mantendo a roda. A roda dos cavalheiros é também mantida. São novamente duas rodas, movimentando, os dois, no mesmo sentido ou não, segundo o comando. Até a contra-ordem!
20. Reformar a Grande Roda: Os cavalheiros caminham de costas, se colocando entre as damas. Todos se dão as mãos. A roda gira para a direita ou para a esquerda, segundo o comando.
21. Despedida: De um ponto escolhido da roda os pares se formam novamente. Em fila, saem no galope, acenando para o público. A quadrilha está terminada.
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Não consegui postar as fotos, bem que me falaram que o pior analfabeto é aquele que acha que conhece tudo e usa metáforas para se comunicar.

2 comentários:

Kafé Roceiro disse...

Festa junina é muito legal. No nordeste, onde já morei um tempo, cada casa tem sua fogueira. O Estado da Paraíba e Pernambuco fazem uma competição anual para ver quem faz a maior fogueira, quem consegue ficar mais tempo dançando, quem faz a canjica mais gostosa e por aí vai.
abraços,
Kafé.

Saramar disse...

Luiz, bom dia.
Que delícia de post.
Eu adoro festas juninas e sou animadora de quadrilhas há vários anos.
Uma pena que não conseguiu colocar as fotos, mas nem por isso, usa metáforas, como certos..., bem, deixa pra lá.

Beijos e um ótimo final de semana.