11 de novembro de 2005

Como antigamente

POUCOS SÃO os lugares do mundo onde ainda se pode tomar uma cerveja e comprar uma vassoura. Ou uma sandália havaiana. Ou 200 gramas de milho em grãos. Pois saiba, caro leitor, que uma dessas pérolas está bem ali, no Centro do Rio, e responde pelo nome de Armazém Senado. Com quase 80 anos, é dos últimos secos e molhados da cidade que ainda não se renderam à impessoalidade dos supermercados.
Como antigamente, o Armazém Senado guarda, em seu amplo salão, um pé-direito de cinco metros de altura e um balcão de mármore espaçoso o suficiente para se manipular produtos a granel. Prateleiras cobrem todas as paredes, oferecendo grãos, frios, embutidos, produtos de limpeza, centenas de garrafas de vinho e muita cachaça. No chão, o gato da casa passeia entre as mesas onde, volta e meia, fregueses jogam carteado.
Nos anos 40, o armazém era um dos mais prósperos do Centro. Tinha 12 empregados. Hoje, a casa é tocada pelo dono, seu Antônio, e os dois filhos. Foram os rapazes que perceberam, há três anos, que o velho mercadinho tinha charme suficiente para ser também um botequim de respeito. A revitalização da Lapa, logo ali, também ajudou. Hoje, o lugar abriga boêmios da antiga, cerveja muito gelada e porções generosas de salame e mortadela. Aos mais chegados, seu Antônio permite trazer comida de casa. E cede a cozinha para o preparo do tira-gosto. Sem cobrar nada, só na confiança. Como antigamente.
Armazém Senado: Rua Gomes Freire 256, Centro — 2509-7201. Seg a sex, das 8h às 22h; sáb, das 8h às 16h. C.C.: Nenhum.
Pé-Sujo
Juarez Becoza
Blog do Colunista juarez@oglobo.com.br

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