10 de fevereiro de 2006

O Rio, sempre inovador...

Bendita seja

Nem o calor senegalês nem a amiga francesa que reclama de tudo (mas não abandona estes tristes trópicos) foram capazes de acabar com meu bom humor na última segunda-feira, quando, finalmente, conheci a Drinkeria Maldita. Cheguei cedo e me pus a esperar pelos amigos, tendo cigarros e drinques por companhia. Enquanto esperava, pensei no quanto aquele final da Voluntários da Pátria é importante para a memória afetiva de quem descobriu o cinema búlgaro num então jovem Estação Botafogo.
Acho que me lembrei da década de 80 (Estação Botafogo, new wave, Crepúsculo de Cubatão...) por conta do pessoal que vai à Drinkeria, a mesma galera de vinte e poucos anos que freqüenta os outros empreendimentos de Leonardo Feijó (Casa da Matriz, Teatro Odisséia, Casarão Cultural dos Arcos etc). Lembrei-me da muvuca que ficava na calçada diante do cinema, berço de amizades que duram até hoje, e fiquei imaginando como seria bacana se tivéssemos, naquela época, uma opção de bar com drinques legais e comida razoável por ali.
Drinques legais como o Diablo (tequila, suco de limão, club soda e pimenta, a R$ 12), deveras refrescante, com todos os elementos na medida certa. Também provei o Margarita Pink (tequila, suco de maçã, licor de cassis e club soda, também a R$ 12), bonito e gostoso (peça para não botar açúcar), e a caipirinha de kiwi (R$ 8,50). A comida razoável ficou por conta do polvo em conserva (200 gramas a R$ 12) e do hambúrguer de picanha (R$ 8,50), entre outros petiscos a preços igualmente possíveis.
A grande novidade é a possibilidade de inventar seu próprio drinque. Funciona assim: numa cartela, você escolhe a base (ou seja, a bebida), o acompanhamento (sucos, refrigerantes ou energético), os complementos (borda com sal, angostura, azeitona ou cereja), a maneira como será preparado e o copo em que será servido.
Minha amiga reclamou (com razão, diga-se) do motorista de táxi que se aboletou diante do bar com o rádio nas alturas. Depois de uma noite deliciosa, que terminava tarde para uma segunda-feira, eu já não ouvia mais nada. Nem ela, nem o rádio. Bendita seja a Maldita.

Drinkeria Maldita: Rua Voluntários da Pátria 10, Botafogo — 2527-2456. Dom a qui, das 18h às 4h; sex e sáb, das 18h às 5h. C.C: M.
Coluna Pé Limpo, O Globo, jefferson.lessa@oglobo.com.br