7 de fevereiro de 2006

Saudades de Dom Helder...


"A lei consiste em amar a Deus e amar o próximo. Ora, quem ama o próximo já cumpriu metade da lei".

"Os homens gastam-se tanto em palavras que não podem entender o silêncio de Deus. Não te deixes dilacerar entre o ontem e o amanhã. Vive sempre e apenas o hoje de Deus."

"Se eu dou comida aos pobres, eles me chamam de santo. Se eu pergunto porque os pobres não têm comida, eles me chamam de comunista."

"O amor é o perfume das almas."

"O anti-amor é o egoísmo, é o fechamento em si que torna impossível qualquer encontro com quem quer que seja. Quem pensa e praclama que ama demais, ama de menos."

"Na pobreza, existe apenas o indispensável, mas existe. Na miséria, nem o indispensável existe."

"Basta que um botão erre de casa para que o desencontro seja total."

"Um dos meus anseios de chegar ao infinito é a esperança de que, ao menos de lá, as paralelas se encontrem!"

"A única guerra legítima é aquela que se declara contra o subdesenvolvimento e a miséria."

NÃO CREIAS NA ARROGÂNCIA
Não te impressiona saber

que o mais anônimo dos átomos
tem poder
capaz de arrasar cidades?
No entanto repara
como se apagam e se escondem
como se nada fossem,
nada valessem,
nada pudessem...
Rio de Janeiro, 13/7/56.


O QUE TE TORNOU TÃO ASSUSTADIÇA, POMBA DA PAZ?
Por que te custa tanto
pousar no chão dos homens?
Por que não te aninhas,
um instante,
em minhas mãos
de homem sedento de paz!?...
Só virás
quando tivermos,
efetivamente,
abolido as guerras,
serenado o egoísmo,
posto limite à ambição?
quando entendermos
que não és um talismã
que atrai a paz
mas recompensada paz,
que nos cabe criar?...
Recife, 13/2/76.


LEMBRANDO S. FRANCISCO
Que pena eu sinto de quem atravanca e atropela de tal modo a vida que nunca descobre tempo de parar diante de uma árvore, ou de assistir a um aurora ou a um pôr-do-sol...

Faz falta! Não dispõe de tempo para contemplar o vôo das aves e para escutar o canto dos passarinhos.
O pior é que a criatura humana, chamada pelo Criador a participar de sua inteligência divina e de seu poder criador, esmaga a natureza, ao invés de conviver com ela... Haja vista a poluição das águas, da terra, do ar...
A poluição das águas mata os rios e as lagoas, mata os peixes e os pescadores, que ficam sem comida, sem o ganha-pão para a família.
S. Francisco, como imitador extraordinário de Cristo, deu exemplo de um profundo amor pela pobreza.
Mas ele jamais chamaria a miséria de irmã. A miséria esmaga filhas e filhos de Deus, e é um insulto ao Criador e Pai.
Um dos grandes pecados sociais dos nosso tempos consiste na aberração de morrerem, todo ano, de fome, no mundo, milhões de criaturas humanas.
E isto se passa quando o progresso tecnológico e o avanço eletrônico fornecem ao homem de hoje possibilidade plena de eliminar a miséria na terra.
Ao invés disso, a corrida armamentista fornece ao homem de hoje mais de 40 vezes o necessário para suprimir a vida em nosso planeta.
Mesmo que não rebente uma guerra nuclear, química e biológica, os gastos com os armamentos modernos são tão astronômicos que tomam impossível uma superação efetiva da miséria.
Os franciscanos, dentro do mais puro espírito de S. Francisco, costumam saudar-se exclamando: "Paz e bem".
A Igreja vem insistindo em lembrar que uma paz verdadeira e duradoura será impossível sem justiça e amor. Quem sabe, a saudação franciscana ficaria mais completa, se disséssemos: justiça, amor e paz!


Dom Hélder Pessoa Câmara nasceu em Fortaleza, Ceará, no dia 7 de fevereiro de 1909, filho João Câmara Filho e Adelaide Pessoa Câmara.
Foi nomeado bispo auxiliar do Rio de Janeiro no dia 3 de março de 1952, foi ordenado bispo, aos 43 anos de idade, no dia 20 de abril de 1952, pelas mãos de Dom Jaime Cardeal de Barros Câmara, Dom Rosalvo Costa Rego, Dom Jorge Marcos de Oliveira.


No dia 12 de março de 1964 foi designado para ser Arcebispo de Olinda e Recife, Pernambuco, Brasil, múnus que exerceu até 2 de abril de 1985.
Destacou-se na defesa dos direitos humanos e políticos no Brasil.
Dom Hélder faleceu em Recife, Pernambuco, Brasil, no dia 27 de agosto de 1999, aos 90 anos de idade e 47 anos de episcopado.

Um símbolo da Paz, do Amor e da Fraternidade.

Que falta faz em tempos de Fomes-Zero que são criados para desviar e aumentar a miséria do povo brasileiro.