O Brasil perdeu ontem um dos maiores nomes do esporte mundial. Morreu em Chicago, nos Estados Unidos, aos 72 anos, vítima de doença renal e infecção generalizada, Carlson Gracie. Era filho de Carlos Gracie, introdutor do jiu-jítsu no Brasil, em 1917 - até então era crime de lesa pátria o ensino da técnica da luta marcial fora do Japão -, e sobrinho do lendário Hélio Gracie, maior lutador e responsável pelo ensino da arte marcial japonesa no país.
Carlson vivia há 12 anos nos Estados Unidos, onde se sentiu mal na última segunda-feira. Foi internado e não resistiu. Deixou três filhos: Rosângela, Karen e Carlson Gracie Jr.
A família Gracie chegou a Belém do Pará através de Gastão Gracie, filho de James Gracie, escocês que chegou ao Brasil em 1870, estabelecendo-se como banqueiro no Rio de Janeiro. Gastão teve cinco filhos, Carlos, Oswaldo, Gastão Filho, George e Hélio. A família Gracie foi responsável pela fundação da primeira academia de jiu-jítsu do Brasil, no bairro do Flamengo, na Zona Sul.
Os Gracies e sua legião de seguidores sempre foram os adversários a serem batidos. Quanto mais o jiu-jítsu se elevava em competições e na mídia, mais surgiam praticantes de outras modalidades de lutas querendo desbancar o renomado Gracie.
Vale-tudo - Carlson protagonizou, nos anos 50, uma luta memorável que parou o Rio. Em 1955, Hélio Gracie foi obrigado a aceitar um desafio contra Waldemar Santana, um roupeiro da academia Gracie que teve um desentendimento com o mestre. Waldemar queria mostrar seu talento, porém não deixavam que ele lutasse. O roupeiro acabou expulso da Academia Gracie por aceitar uma luta contra Biriba (lutador que fazia lutas de marmelada e que poderia comprometer o nome da família). A luta entre Hélio e Waldemar foi inevitável e o local escolhido foi a ACM, na Lapa.
Mesmo sendo uma luta de vale-tudo, ambos entraram no ringue de quimono. O combate durou três horas e quarenta e cinco minutos, recorde mundial em um duelo de vale-tudo. O confronto terminou com a vitória de Waldemar, que levantou Hélio acima da cabeça e o arremessou ao chão, chutando-o no rosto em seguida.
A derrota de Hélio fez com que os Gracie preparassem Carlson, o melhor aluno de Hélio, para a revanche. A primeira luta entre ambos, porém, foi um combate de jiu-jítsu esportivo que terminou empatado. Em 1956 aconteceu a luta considerada revanche. Dessa vez, disputada como vale-tudo, Carlson massacrou Waldemar, vingando o nome da família e ganhando com isso respeito em nível nacional.
JB On line
Foi da geração em que luta era esporte, não admitia os valentões que hoje existem e entram em academias para se tornarem covardemente violentos na rua. Meu filho, Junior, é um praticante e entusiasta do esporte, com lealdade e respeito.
3 comentários:
Com a perda do Carlson, com certeza, o Brasil perdeu o homem que popularizou o jiu-jitsu, perdeu também um grande atleta e o maior preparador de lutadores de vale-tudo do mundo.
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